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Mostrando postagens de 2021

Viva!

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Olhe novamente para cima

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Na semana que passou, em meio às comemorações natalinas frustradas pela pandemia, dois acontecimentos demonstraram de formas diferentes o papel da ciência em nossas vidas: os lançamentos do fantástico telescópio espacial James Webb e do filme “ Não olhe para cima “. O primeiro acontecimento, o telescópio, cujo nome homenageia um dos principais idealizadores dos projetos da NASA, foi o resultado de um impressionante trabalho científico e tecnológico que durou décadas, o qual só se tornou possível pela cooperação internacional entre cientistas europeus, canadenses e norte-americanos e custou cerca de 10 bilhões de dólares. O novo telescópio, mais sofisticado, preciso e potente do que o já incrível Hubble, ainda está a caminho de sua posição estacionária no espaço, e já consumiu cerca de 40 milhões de homens-hora de trabalho, entre elas as horas de trabalho do amigo Ivo Busko, um astrofísico brasileiro que trabalha no projeto há doze anos. Este esforço internacional científico mostra a c

#somostodosnando

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Mais uma vez estamos passando por uma tentativa de censura contra as charges.  Dessa vez o alvo é o chargista Nando Motta, que está sendo processado pelo empresário bolsonarista Luciano Hang, o famoso Velho da Havan.  A história da morte da sua mãe foi notícia em diversos veículos, foi assunto na CPI da Covid, mas ele resolveu processar o chargista Nando, que fez a charge abaixo: Então é hora de apoiarmos o Nando.  Na verdade, é um apoio a todos os chargistas, pois se a gente não reagir a essas tentativas de censura, em breve, não poderemos falar mais de nada.  Não é a primeira tentativa, lembram?.  E foi pensando nisso que o pessoal da Pirralha resolveu criar mais uma Charge Continuada (igual fizemos em apoio ao Aroeira - VER AQUI )  Todos os chargistas que quiserem dar apoio com suas versões da charge do Nando serão postados nas redes sociais com as #chargecontinuada #somostodosnando #chargistascontracensura #veidahavan #pirralha #revistapirralha #chargepolitica #chargeonline

Hacker, digo, Cracker

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Depois de publicado como Hacker, meu amigo Laércio me corrigiu, mostrando que não é um Hacker, mas um Cracker. Para entender as diferenças,  Clique aqui  

Duas histórias brasileiras

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Quebrei minha promessa de ler somente livros escritos por mulheres para conhecer dois autores novos em “O avesso da pele” e “Prisão domiciliar, sem tornozeleira”. Jefferson Tenório é escritor carioca experiente, agora premiado com o Jabuti de 2021, e Corélio M.S. é engenheiro de Minas Gerais, e está publicando pela primeira vez. Ambos estão na casa dos quarenta e na umbanda. Mas o que realmente os une é o resgate da memória de seus pais e a capacidade de tocarem em suas feridas mais dolorosas: o racismo e o autismo. No “O avesso da pele” de Jefferson Tenório somos levados a re-conhecer as ruas de Porto Alegre, desta vez andando do outro lado da calçada, aquela reservada aos que não possuem os privilégios da pele herdada dos europeus. Com ele aprendemos a ser constantemente parados, revistados e eventualmente mortos pelos policiais militares, porque nossa pele escura nos transforma automaticamente em criminosos em potencial. Com seu pai, professor, entramos esperançosos nas salas de aul

Os pássaros Facundos

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  A pandemia de COVID mudou o mundo, inclusive com o surgimento de novas espécies de pássaros, que passaram a aproveitar os nichos ecológicos deixados vazios pelo isolamento social e o medo. Foi com grande surpresa que nós, ornitólogos experientes nas artes da sobrevivência em campo, registramos o aparecimento de novas espécies de aves da Família Facundidae .  A partir de imagens e  hábitos de vida  observados durante um ano e meio no Zoom, Thalma e eu resolvemos registrar em aquarela as principais descobertas. É importante lembrar que os espécimes encontrados desfrutam de boa saúde e não estão ameaçados de extinção. Uma hipótese para esta resistência excepcional aos tempos de pandemia é sua alimentação baseada no elixir da amizade. Espero que os amantes de pássaros, da natureza e da humanidade apreciem os desenhos abaixo neste alvorecer do ano 2022, um novo tempo onde a esperança reside. BH, 19 de dezembro de 2022 Thalma e Lor Por ordem alfabética, as espécies já identificadas.   Pomb

Economicron

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Quem virá para o Natal?

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O mundo é bonito, disse Nelson Cruz

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  É estimulante saber que alguém vê a beleza do mundo, sem fechar os olhos para as tristezas que enfrentamos. Foi assim a conversa com o amigo querido e colega de artes gráficas Nelson Cruz, durante nossa reunião com os Facundos, um grupo de idosos que insistem em se manter vivos com o elixir da amizade. Nelson nos falou sobre a história, os sentimentos profundos e a sua indignação contra os crimes da Vale em Mariana e Brumadinho que resultaram na criação do livro “Sagatrissuinorana”, que recebeu o prêmio Jabuti de melhor livro do ano de 2021 (ver aqui mais informações sobre o livro que esgotou sua primeira edição em poucos dias: https://www.ozeeditora.com/sagatrissuinorana ). Nelson é veterano ganhador de Jabutis (este é seu oitavo prêmio - ver aqui https://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Cruz_(ilustrador) - o que o torna provavelmente o principal ilustrador do Brasil) e tem uma história pessoal de busca interminável por apreender o mundo ao seu redor, de forma autodidata, e seu apre

Sobre nosso querido Henfil

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  Meu amigo Bira Dantas, cartunista de muitas penas, entrevistou-me para a Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo sobre um livro que está sendo lançado sobre o Henfil. Clique aqui para ver nossa conversa. Faltou-me dizer que os cartunistas filhotes no ninho no mandacaru seriam Nilson, Laerte, Angeli, Glauco e Nani. Por falar nisso, quatro dos filhotes estão ausentes nessa foto, durante o Salão de Humor Laura Alvim de 1993, já com saudades do Henfil, homenageado, na foto ao fundo.

Encanto - a magia das mulheres

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A vida difícil de todas as mulheres é cada vez mais evidente e os diversos papéis impostos às mulheres vão sendo desmascarados, mas ainda é difícil escapar da ideologia dominante na cultura atual, mesmo quando um filme tenta falar simpaticamente sobre o mundo feminino. A Disney lançou outro desenho animado, daqueles planejados para serem vistos por toda a família, e minha filha Ana escreveu um texto brilhante, imperdível, sobre ele: VER AQUI Ana chama a nossa atenção para prestarmos atenção no papel da casa da família como personagem oculta e fundamental. Uma amostra do filme, que ainda está nos cinemas, pode ser vista no trailer brasileiro VER AQUI O texto da Ana me inspirou esses cartuns.  

Conversa para inglês ouvir

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  Dizia o Nilson, meu amigo, compadre e quem me ensinou as bases do cartum, sobre um post meu ( VER AQUI ): - Esse domínio do celular expressa o que sinto cada vez mais: sou um estranho no ninho, nesse mundo comercial que se forma ao meu redor e me encurrala e me faz querer o silêncio... Respondi: - Tudo isso não passa de um retrato de que estamos envelhecendo. Mas como dói…. Nilson: Tá doendo muito. Sempre vivi num mundo onde eu falava através do papel e do calor humano. O papel está acabando e o celular tomando conta...e começamos a pensar que mundo deixaremos para a Rainha Elizabeth... PS: A ilustração é baseada numa antiga piada sobre o Lorde fleumático e a frase do Nilson, segundo ele, rola na internet (veja só! nós dois reproduzindo piadas da internet?) e foi contada para ele pela sua namorada Patrícia.

O número discado...

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Em defesa de Bolsonaro

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  Se é verdade que uma mulher foi levada à delegacia por ofender Bolsonaro por tê-lo chamado de Noivinha do Aristides, acho que ela deveria ser indiciada por homofobia e não por injúria ao presidente da república. Como sou a favor do amor livre, se o desejo de Bolsonaro for por Aristides, tem que ser respeitado como qualquer outro amor homossexual. Se ela estivesse festejando o amor dos dois, tudo bem. Mas se usou como argumento depreciativo, discriminatório e preconceituoso o fato de Bolsonaro amar (ou ter amado) Aristides, isto é homofobia. Agora, se tudo isto for uma mentira de pessoas que se opõem ao Bolsonaro, há um duplo erro aqui: usar a mentira como arma política (como Bolsonaro faz) e expressar a homofobia (como Bolsonaro faz). E não estou sendo irônico. Lor

Ciça, mulher, cartunista e poeta

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  Os amigos Facundos combinaram que cada um de nós escolheria um poema para ler hoje, durante nosso encontro semanal. Escolhi “Pequenos assassinatos” da cartunista Ciça, que admiro há dezenas de anos, como pessoa e artista. Eu a seguia, tentando aprender sua arte, na tira “O Pato” na Folha de São Paulo, até 1985, quando ela parou de ser publicada. Thalma e eu fomos carinhosamente recebidos por ela e seu marido Zélio Alves Pinto em sua casa em São Paulo, quando lá morávamos na década de 80. Veja mais sobre a Ciça em 2020 numa entrevista para Folha de São Paulo . Antes do poema, reproduzo abaixo sua tira publicada há mais de 40 anos, sobre o “excludente de ilicitude” defendido pelos policiais militares bolsonaristas, que cometeram mais um massacre no Rio de Janeiro nesta semana. Seu poema, de 1978, nos lembra a antiga luta das mulheres. Pequenos assassinatos Ai, ângelas, ai josefinas ritas de cássia e odetes sônias, suzanas, marias gláucias, deises, luzinetes –     

Samba caução

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  Você me trocou por ele, não me conformo, e busco uma razão. Seria pela simples novidade? por falta de juízo, no seu estúpido coração? Seria por causa da viagem a Miami, que prometi, nunca cumpri e deixei você na mão? Talvez aquela conta conjunta, que esqueci de abrir, e você fazia tanta questão? Ou a certidão de casamento, que deixei de assinar, na mesa do escrivão? É verdade que prometi vida melhor, democracia em casa... mas nem tudo foi em vão! Nosso amor merece uma chance: ano que vem, volte, eu garanto, vai acabar sua decepção. Só ainda não entendo, com tantos por aí, você foi escolher justo o pior, o bandidão? Ah! Ele, não!

O fim dos patrões e trabalhadores

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  Ninguém, dentre as centenas de pessoas que conheci nos últimos anos, me respondeu sobre seu trabalho dizendo-se operário, assalariado, empregado ou trabalhador. Ninguém também se identificou como patrão. Todas as respostas que obtenho são descrições dos aspectos técnicos das atividades que exercem, como se elas fossem profissões autônomas. Por exemplo. Sou administrador de estoques.  Onde, Seu Jorge?  Na indústria metalúrgica X.  Ah, o que o senhor faz?  Eu reponho a matéria prima nas linhas de operação. Então, o senhor é um operário metalúrgico?  (percebo o constrangimento do Seu Jorge) Sim...  Parece haver resistência do Seu Jorge em descrever sua posição na sociedade como pertencente à categoria explícita dos “operários”, talvez assumida por ele como subalterna, inferior, subjugada e sem futuro. Ele não se vê nem mesmo como parte dos “trabalhadores”, o conjunto de todas as pessoas assalariadas, independentemente do valor do

Câmeras fechadas

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  Aroeira e eu conversamos hoje sobre charges e cartuns com um grupo de estudantes (14 a 15 anos) por meio de videoconferência.  Não vou identificar quem são, pois meus sentimentos não são dirigidos apenas a este grupo, e nem estas pessoas são culpadas por uma pandemia que nos isolou há dois anos, em condições agravadas por uma gestão criminosa da saúde pública, que prolongou o sofrimento coletivo e causou a morte de centenas de milhares de pessoas por causa de sua ignorância e desprezo pela vida humana.  Poucas das pessoas presentes abriram suas câmeras durante as duas horas do encontro e foram as mesmas que toparam fazer perguntas e comentários. Senti enorme tristeza, angústia por não ver os rostos para quem Aroeira e eu tentávamos passar um pouco dos desafios e técnicas relacionadas com a nossa arte de fazer cartuns, charges, caricaturas e quadrinhos. Sei que é muito estressante para a maioria das pessoas, seres humanos que evoluíram para o contato social intenso, aguentarem tais c

Bye buy

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  Depois de 48 horas com o celular desligado recuperei a sensibilidade nas pontas dos dedos, consegui enxergar as casas no outro lado da rua e conversar com minha mulher sem a sensação permanente e insidiosa de que algo importante estava acontecendo e eu estava por fora. Antes passara por momentos de muita angústia. De repente, minha geladeira se tornara um objeto real, as paredes pareciam sólidas e o chão estava frio sob meus pés. As cores do dia feriam meus olhos, apesar da branquitude opaca de um domingo nublado. Passei a sentir de forma estridente os barulhos de carros e latidos de cães se misturando com o chiado das cigarras numa cacofonia que ocupava progressivamente todo o espaço sonoro. Assustei-me com o canto agressivo de um bem te vi que pousou em meu quintal, fechando a janela antes que meu lobo frontal perguntasse que estupidez era aquela de sentir medo do pequeno pássaro. Havia desconforto em minha pele, suarenta e pegajosa, com calafrios ocasionais entremeando ondas de ca

O fundo dos investimentos

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Obrigado Romeu pela citação.  

O capitalismo e a inoCiência

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  O texto que postei ontem, MAMUTES NA SALA  , sobre a relação entre a crise climática e o capitalismo, recebeu alguns comentários de dois amigos cientistas, que valem a pena serem lidos. Disse o Romeu Guimarães: Novamente, problemas complexos, muitas janelas, nenhuma suficiente, todas necessárias... Uma das perplexidades que me deixa ´encucado´, no momento, é a miopia que acabei de perceber no comportamento de toda cultura ocidental (não falo das outras, porque conheço nada delas). Desde Thales de Mileto  (-624 a -548) até o século 20 (tipo 2500 anos transcorridos), ninguém percebeu o ´ ambiente ´. Isso significa uma decepção: eu pensava que os grandes pensadores vasculhavam metodicamente todos aspectos dos temas que abordavam, mas não, fixavam somente os aspectos que lhes incomodavam, que lhes apareciam como ´questões´ valiosas, e o ambiente nunca lhes incomodou; era tomado como fonte infinita de recursos e lixeira infinita para seus resíduos; ´taken for granted´, inteiramente neg

Mamutes na sala

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  Depois de ler os dois artigos interessantes que o amigo Ramon Cosenza me enviou nesta última semana, sobre as relações entre a crise climática e o capitalismo, fiquei pensando que a melhor ilustração para o texto do Jeremy Lent não seria o capitalismo como um elefante na sala das discussões (sobre as terríveis consequências do aquecimento global), mas sim um mamute. Até porque os mamutes foram extintos no final da última Era Glacial... por aumento da temperatura do planeta! GEORGE MONBIOT  e JEREMY LENT  nos mostram que a crise climática é parte inseparável do capitalismo e não há como acabar com o aquecimento global sem acabar com o modo de produção capitalista. Confesso que meu sentimento atual é de que já perdemos o momento de revertermos as alterações climáticas. Deve ser coisa da minha perspectiva solitária de um cara com 72 anos, que passou os últimos 45 anos falando sobre isso, meio como o cara do cartum abaixo. No entanto, se a esperança e o medo são paralisantes e agir é a ú