LOR

  O professor e amigo de tantos de nós, o querido Enio Cardillo Vieira , faleceu ontem subitamente, como ele esperava que assim fosse, sem agonias nem sofrimentos finais. Também de acordo com seu desejo formalmente documentado, seu corpo foi doado à Faculdade de Medicina para que estudantes possam aprender com ele, numa derradeira aula, uma lição de paixão pelo ensino e pela universidade pública. Espero que as pessoas jovens e aprendizes que terão este privilégio sejam capazes de imaginar o imenso conhecimento científico acumulado no seu cérebro, que permaneceu lúcido para além dos oitenta anos, com senso de humor e visão crítica do mundo. Se houvesse algum instrumento de neurofisiologia sensível o bastante para reproduzir algumas das memórias prediletas do Enio, as pessoas perceberiam ecoando pela sala de anatomia alguns fragmentos das músicas que ele tanto amava e estudava. Também é possível que jovens estudantes, diante do seu corpo magro, mas forte e esbelto pelas caminhada

  Receita verdadeira e original da cozinheira Thalma Ingredientes ½ kg de lula, de preferência vinda do Nordeste e não de cativeiro. 2 chuchus paulistas, produzidos pela agricultura familiar e sem agrotóxicos. 1 cebola pequena e 3 dentes de alho comercializados nas feirinhas do MST. Ervas variadas da Amazônia cultivadas em áreas indígenas preservadas e cedidas pelas Cozinheiras com Amor . ½ xícara de creme de leite fresco, 3 colheres de sopa de manteiga, provenientes de laticínio que cria o gado sem desmatamento. Modo de preparo Esprema um pouco de suco de limão sobre as rodelas de lula e tempere com sal e pimenta a gosto. Numa panela de ferro fabricada numa comunidade quilombola, refogue o chuchu em cubinhos, sem cozinhar por muito tempo, para manter a firmeza agradável. Refogue na manteiga o alho e a cebola (pode chorar um pouco, mas de alegria) e jogue as rodelas de lula e deixe refogar por alguns minutos. Adicione a ½ xícara de creme de leite fresco e 2 colheres de sopa cheias

Convido você, que, como eu, admira o humor e a sagacidade do nosso saudoso Angelo Machado . Tive e alegria e o privilégio de ilustrar este livro, depois de acompanhar sua criação por cerca de 20 anos ( ver aqui mais informações sobre o livro ). Uma comédia homérica!

Minha filha Luiza emprestou-me “ Marxismo ocidental ”, do italiano Domenico Losurdo (1941-2018), o pensador indicado pelo Jones Manuel para o Caetano Veloso, que o fez deixar de ser, segundo nosso poeta tropical, “aquele liberaloide de antes”, numa entrevista que desconcertou Pedro Bial . Foi uma grata surpresa, pois Losurdo mostrou-me um novo olhar histórico sobre as lutas socialistas do último século. Na minha juventude, em plena ditadura militar, tomei consciência das injustiças sociais e compreendi a lógica da exploração capitalista quando li O Capital de Karl Marx . No passo seguinte, abracei o ideal marxista da revolução socialista internacional e, naquela época, as ideias de Leon Trotsky pareceram-me as mais corretas. Quando percebi que as revoluções comunistas soviética, chinesa, vietnamita e cubana (entre outras) haviam caminhado para uma forma de nacionalismo mais do que uma revolução socialista, lastimei que aquelas revoluções haviam se desviado do ideal revolucionário