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Mostrando postagens de 2017

Roda Gigante

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Piadas de Natal

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Adversário

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Hoje, a cidade de Belo Horizonte completa 120 anos. Cheguei aqui há 53 anos e a coisa que mais me impressionou foi a quantidade de pessoas morando na rua, de crianças pedindo esmola, de favelas e barracos em vários lugares, situações quase inexistentes na cidade de onde eu vinha, Lambari, no Sul de Minas. Nestes sessenta anos, muitas coisas mudaram por aqui, mas os sem teto continuam, os barracos surgem por toda parte e ontem fotografei este aglomerado de entulhos no Viaduto Leste da Lagoinha e ele faz um duro contraponto ao belo vídeo (BH120) que está circulando nas redes sociais. Imagino a miséria que significa viver num lugar assim: o barulho constante, a poeira do asfalto, a falta de água e higiene básica, a carência absoluta do mínimo para se ter dignidade. Enquanto houver pessoas  vivendo assim ,  em meio a tantas adversidades,  não consigo comemorar com alegria o aniversário da cidade . Além disso, a presença da bandeira nacional hasteada na frente (ou fundos?) do simulacro d

Universidades públicas e notórias

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Direitos servis

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A quem interessa avacalhar com a Universidade Pública?

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Conheço pessoalmente os professores e funcionários da UFMG que sofreram a injustiça de serem levados à Polícia Federal de forma coercitiva para deporem numa investigação sobre o Memorial da Anistia. Conheço, em especial, o reitor atual, professor Jaime Ramirez, que foi orientador de uma de minhas filhas. Tenho absoluta certeza de que estas pessoas não cometeram qualquer crime contra o patrimônio público e que a maneira como esta operação foi realizada se destina a desacreditar midiaticamente uma Universidade que tem mantido a esperança brasileira no ensino público de qualidade. Como professor aposentado e trabalhando como voluntário no Hospital das Clínicas da UFMG, sinto-me pessoalmente atingido por estas ações arbitrárias e fora da lei. Reproduzo abaixo o texto do nosso sindicato. “Foi com grande indignação que a diretoria do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco – APUBH recebeu logo pela manhã, a notícia de que o reitor

Aquarela

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Para o amigo Romeu Condenado nascituro à pena capital, (Por ser inevitável replicador de genes, Egoístas ou não, - como saber) Ignoro quando serei chamado ao patíbulo. Obrigado a esperar, cultivo flores invertidas, (Ciclâmens brancos e girassóis noturnos, E envio mensagens altruístas de Arecipo para planetas distantes) Mas, no mais, pouco difiro de quem vai livre pelas ruas: Apenas estas grades, Transitadas em julgado pelo magistrado das últimas instâncias. Não me desespero, (apesar dos tristes pensares) Porque meus três últimos desejos, Mudar de espécie, não morrer e viver em outro mundo, Já estão atendidos: Sou a água viva numa aquarela que estou ainda a pintar.

Alguém conhece o SIMPLEXO?

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Há algumas semanas uma pessoa enviou-me um e-mail dizendo que realizara uma encadernação de meu livro “ Retrato Falado ” publicado em 1978 (capa ao lado), que ele encontrara na internet, e que gostaria de me presentear com um exemplar.  Concordei, manifestei-lhe meu agradecimento e aguardei. Nesta semana, recebi de minha secretária no consultório o tal exemplar, uma linda encadernação com toques de capricho e adicionais à velha edição em papel jornal e capa mole. Imediatamente pensei em agradecer a gentileza, mas não encontrei qualquer bilhete, telefone ou endereço de onde fora encadernado e não mais consegui localizar o e-mail recebido. Há apenas um logotipo e a palavra SIMPLEXO nas primeiras páginas (abaixo), o que me pareceu uma pista para procurar na internet por alguma encadernadora, editora ou algo  equivalente. Não descobri meu gentil encadernador, mas aprendi coisas interessantes, por exemplo, a definição do termo SIMPLEXO oferecida pela banda de rock do mesmo nome,

Broda

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Você cansou de aguentar a decepção, O desencanto e a revolta contra aqueles Que nos enganam (há tempos) E libertou seu ódio das amarras da razão. Você está preferindo postar e apostar Em medidas duras e autoritárias (violentas, se preciso) Para corrigir a diversidade das pessoas e as incertezas do mundo. Você espera que o novo senhor Que chegar às rédeas pela força das artimanhas e mentiras Irá, depois, abrir mão (gentilmente) Dos meios enganosos que o forjaram para governar. Você não imagina que esse futuro Também poderá gerar desilusão e revolta (por causa dos enganos de sempre), Mas será tarde: ao ovo, a serpente não haverá de retornar. Alguém, mais jovem, pode não ter presenciado A dor, o medo, a insegurança (e o silêncio das ruas) Quando todos temíamos ser o vizinho um delator Do crime que não havíamos cometido. Mas você, que viu nossos pais de joelhos, Em desespero pelo filho na prisão (nas mãos dos salvadores d

Os fantasmas não envelhecem?

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Uma lânguida satisfação tomou conta de Edinaldo quando soube que o primeiro namorado de sua mulher havia morrido, não sabia de quê, bastava que estivesse bem morto e enterrado, pois, quem sabe, assim ele deixaria de atormentar seus sonhos, quando aparecia com aquele sorrisinho odioso de superioridade, como se estivesse pensando: eu cheguei antes.  Edinaldo acordava ansioso, suado e irritado e gastava um bom tempo do dia seguinte se convencendo de que sua mulher o amava, pois sempre fora uma esposa dedicada e carinhosa, tiveram quatro filhos, agora já crescidos, e rarissimamente o nome, Magno, do primeiro namorado surgira em conversas na sua casa. Depois daqueles pesadelos, Edinaldo se esforçava para melhorar seu humor, martirizado por ideias recorrentes e incoercíveis contaminadas pela dúvida sobre os pensamentos de sua mulher nas horas mais íntimas. Quando tudo retornava ao normal, eis que surge novamente o Magno para azedar sua vida e o que mais incomodava Edinaldo é que nos son

Por OUTRA POLÍTICA

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Se você está desiludido com a política atual, terá uma oportunidade de começar a mudar esta situação.  Vamos criar OUTRA POLÍTICA! Veja no link abaixo mais detalhes. http://outraspalavras.net/brasil/um-encontro-por-outra-politica/ Estou nessa! Vamos?

Lembrar para sermos melhores

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Ontem fui à Escola Municipal Anne Frank  (cujo nome atende a um pedido da família do pediatra judeu  Marx Golgher , que doou terrenos para a construção de escolas municipais), no bairro Confisco. Estive lá por duas horas para conversar com cerca de 70 crianças de seis anos sobre alguns livros que publiquei para o público infantil, especialmente “ As gêmeas que ficaram diferentes ”.  O convite da escola aconteceu por intermédio da Andrea Cristina, Coordenadora Pedagógica, há alguns meses para que eu fizesse um desenho representando Anne Frank, o que atendi de imediato e assim que as crianças viram a caricatura (acima) elas a denominara m de “guerreira”. O projeto vem sendo realizado pelas professoras Flávia Cristina Ximenes Silva, Tonia Kelley de Souza Botas, Vera Lucia Ferreira Silva, Eliane Pereira Lima,  Sandra Mara de Oliveira Vicente (diretora),  Lucilaura Simões (vice), assim como a  Andréa Cristina Ferreira de Almeida (coordenadora). Fiquei emocionado  ao ser recebido 

Rio amargo

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Estas águas turvas que chegam à foz, Como todos os rios no curso inevitável da entropia, Trazem partículas de lembranças ferrosas de Itabira, Folhas secas dos buritis das veredas de Cordisburgo, Traços das maluquices dos meninos de Caratinga, E sangue das graúnas hemofílicas do Ribeirão das Neves. Em meio a tantos resíduos, Antes que tudo se desfaça no mar, Ainda existiria algum fragmento do brinquedo Que deixei cair nas águas do rio Lambari?

Sou contra a PEC 181 porque o corpo das mulheres a elas pertence

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IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII IIIII

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O pão de queijo que o diabo amassou

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Damasceno e seus dois irmãos mais novos herdaram um pequeno sítio nas franjas da Serra da Campanha e criavam algumas poucas vacas, porcos, galinhas, patos, uma égua branca e um grupo de quatis que desciam da mata próxima para fuçar os restos da ração dos animais domésticos e acabaram por se tornar habitantes permanentes da propriedade, além de passarinhos e aves maiores, como pombas, gaviões e saracuras. Havia também um pouco de arroz, de feijão, milho, cana, uns pés de café, umas fileiras de verduras e folhas na horta.  A habilidosa mulher de Damasceno transformava em sobremesas e potes de conservas a fartura de um pomar com laranja, manga, abacate, mexerica, jabuticaba, pitanga, goiaba, mamão e limão. De vez em quando, uma tilápia fisgada no pequeno açude, que se formara pelo represamento de uma nascente da água translúcida que descia da serra, completava o sustento e a vida pacata de Damasceno, sua mulher, duas filhas e seus dois irmãos. Damasceno e sua família trabalhavam co

Aforismos

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Numa antiga fazenda nas proximidades dum lugar chamado Criminosos, entre Jesuânia e Carmo de Minas, havia um grupo de pessoas que falavam quase um dialeto, aparentados todos eles entre si, talvez portadores de alguma alteração auditiva que permitia que eles escutassem as palavras, mas as compreendessem de forma distorcida.  Conheci aquela boa gente quando era menino e acompanhava meu pai em seus atendimentos médicos, e eu passava horas em rodas de conversa em torno de um fogão de lenha e um bule de café, à espera de um parto mais demorado no quarto ao lado iluminado por lamparinas a querosene. Eu não entendia tudo o que eles conversavam, mas registrei num bloco de receitas de meu pai algumas frases que fizeram sentido para mim no contexto da conversa, para as quais eu reconhecia os provérbios originais, assim como outras que ao longo dos anos tenho procurado decifrar sua transformação de sons e sentidos. “Nem rico, nem rouco”, disse uma vez um deles, dando a entender que não cons
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Finados

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Perdidos e achados

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Achado numa pasta na qual eu procurava outra coisa.

A Luta da Utopia contra a Realidade às Portas do Inferno

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Cordel para Akira Kurosawa Peço licença para contar, meu povo da Jesuânia, História fabulosa que se sucedeu nos altos do Tijuco Preto, Desconhecida até mesmo pelos velhos da minha infância, Memória para ser celebrada em cantiga de roda e soneto. Muito antes da televisão e dos computadores, Viver é desde sempre luta renhida entre forças poderosas: De um lado a deusa Esperança e seus valores, Do outro a Morte e suas mazelas horrorosas. Mas então depois da Segunda Grande Guerra terminada Deu-se que uma das filhas da Esperança, a Utopia, Se viu pelo exército da Realidade acuada À beira de um penhasco fatal, em grande agonia. Utopia resistia abraçada a seu irmão cego, o Amor, Enquanto a Realidade galgava célere as escarpas, E sobre os irmãos lançou seus cães do horror: A Fome, o Genocídio, o Racismo e a cadela Fábrica de Armas. Desista! - Gritou entre gargalhadas a pétrea Realidade, Não sabes que sua amiga, a Juventude, não mais existe Desgastada pelo tempo no desfiladeiro

Gregório Duvivier apoia SORTEIO! Viva Greg!

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Ontem, atrasadamente, vi o GREG NEWS de 2 de junho de 2017, no qual Gregório Duvivier lança a campanha pelo Sorteio no lugar de eleições. Ver seu excelente vídeo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=LQTFkj0Jue8 Por coincidência, dois dias depois, sem ter visto seu programa, lancei algo parecido neste blog, a campanha SORTEIO JÁ!. http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/blog-post.html Assim, como continuei a campanha nos dias seguintes. Ver abaixo as defesas que faço do sorteio. http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/milhoes-de-brasileiros-acreditam-no.html http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/milhoes-de-brasileiros-acreditam-no.html http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/atletas-brasileiros-confiam-no-sorteio.html http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/grandes-cientistas-brasileiros-ja.html http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/supremo-ja-aprova-o-sorteio.html http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/criticas-ao-projeto-do-sorteio-ja.

Duas perguntas

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Parabéns Pedro Paulo Cava

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Governo da elite que acabar com a lei contra o trabalho escravo

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Cavaleiro dos Entreveros Inócuos

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A permanência das coisas

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Entrei no apartamento que estivera fechado desde que ela foi embora. Uma camada fina de poeira cobria todas as coisas que se encontravam na mesma posição em que estavam na noite em que discutimos pela última vez. O único ruído vinha da cozinha, onde a torneira da pia continuava a vazar em gotas regulares, agora de água enferrujada, que deixava um halo avermelhado ao redor do ralo em camadas sucessivas de evaporação. No quarto de casal, permanecia no chão entreaberta a mala velha, que na última hora ela desistira de usar porque o fecho estava com defeito. Sobre a bancada do banheiro havia um tubo de dentifrício retorcido pelo esmagamento impaciente que ela costumava fazer para espremer a pasta sobre a escova. Duas toalhas que usáramos na noite anterior, a minha branca e a dela violeta, pareciam ressecadas nos cabides de metal ao lado do box do chuveiro. No escritório improvisado, alguns livros que ela decidira não levar, equilibravam-se em duas pilhas sobre a mesa onde ela costumava e

Distopia

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João amava Maria, que amava João, que amava José, que amava seu vizinho, que amava seu cão, que amava as crianças que passavam para a escola, que amavam a professora, que era divertida e criativa, que amava seu trabalho, que era gratificante, que fora revalorizado pela nova constituição, que fora criada pelos novos deputados, que foram eleitos pelo João, pela Maria, pelo José, pelo vizinho e pela professora. Jack era sócio do Herbert, que era dono da construtora, que desmatara zilhões de hectares na fazenda do Fred, que a vendera para a fábrica de pesticidas que pertencia ao conglomerado de bancos, que era controlado por acionistas estrangeiros, que amavam seu dinheiro, que não amava ninguém. João, e Maria foram demitidos pelo Jack, que votou em Trump, que ainda não tinha entrado na história e acabou com ela. Pena, né, Drummond?

Versos e reversos

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Diante do velho prédio da Escola de Engenharia, agora fechado e ocupado por famílias sem teto acampadas sob a marquise de sua escadaria, o rádio do carro toca “para não dizer que não falei de flores”, a canção de Vandré, enquanto continua o engarrafamento por causa do motoqueiro derrubado no asfalto. Nas escolas, nas ruas, campos, construções Caminhando e cantando e seguindo a canção Subi por aqueles degraus, há quase meio século, sem saber que as pessoas na reunião para a qual havia sido chamado pretendiam que eu saísse dali como o candidato de consenso das organizações de esquerda para a presidência do Diretório Central dos Estudantes de Minas Gerais. Há 50 anos, passei pelo porteiro, figura quase decorativa que recebia correspondências e dava informações, e segui para o terceiro andar sem dificuldades, pois não havia cancelas, câmeras ou vigilantes nas unidades da universidade naquela época. Depois de seguir os procedimentos para confirmar que não estava sendo seguido, entrei nu

Normal

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O irmão disse que o atirador era um cara normal. Ele tinha 42 armas de fogo em casa, ficara rico com negociatas de imóveis, vivia passeando em cruzeiros para jogar grandes quantidades de dinheiro nos cassinos a bordo, não tinha qualquer ligação política (teria votado na Clinton ou no Trump?), mas era um cara normal. Como foi normal a entrada dele num hotel de luxo com diversas armas de longo alcance. Também foi normal a reação do Trump (outro normal) atribuindo a tragédia ao Mal, essa entidade abstrata que não pode ser submetida a nenhuma política de controle de armas porque seria uma restrição à sua liberdade de sair por aí matando os outros. E foi normal o correspondente da Globo News dizer que nada, absolutamente nada vai mudar nos Estados Unidos depois de mais este massacre de dezenas de pessoas por indivíduos psicopatas portando armas de fogo automáticas. De carona, foi normal o Estado Islâmico assumir a autoria das mortes, pois o atirador teria se convertido pela internet, porq

O muro dialético

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Horas depois de embarcar no ônibus e deixar para trás as serras do Sul de Minas, Gorgosinho estava de pé diante da jovem que o entrevistaria para o possível emprego de capataz numa fazenda. Esfregou a mão úmida nas calças, mas a moça não estendeu a sua, indicando que ele se sentasse, enquanto ela perpassava os olhos nos papéis contidos numa pasta e então perguntou: Fale-me um pouco sobre suas pretensões. Gorgosinho fora orientado pelo primo que morava em Belo Horizonte a tomar muito cuidado com as palavras, porque para conseguir aquele emprego ele precisaria mostrar conhecimento sobre as tarefas a serem executadas na fazenda, mas tudo dependeria da maneira como ele diria as coisas, devendo evitar gírias ou palavras vulgares e controlar ao máximo seu sotaque caipira.  Chegaram a ensaiar o modo como Gorgosinho deveria se expressar, evitando palavras como uai, ópcevê, prestenção, pódexá, seicumé, vortemeia, xápralá e outras tantas que brotavam espontaneamente da prosa alegre e solta