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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

A meritocracia novamente

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Num dos primeiros anos deste século, participei de uma comissão na UFMG para distribuir bolsas de iniciação científica. Para quem não sabe, esta bolsa é o primeiro e fundamental passo para a formação de cientistas, o começo da carreira da maioria dos pesquisadores, um divisor de águas na vida de uma pessoa na universidade. Como habitualmente, havia mais projetos de pesquisa apresentados pelos professores do que bolsas disponíveis para seus alunos interessados, e pelas regras seriam contemplados aqueles cientistas que tivessem o melhor currículo, basicamente as pessoas que produziam mais artigos em revistas científicas internacionais. Desta forma, um professor que já possuía uma linha de pesquisa bem estruturada, com várias alunas e alunos de pós graduação, produzia mais publicações do que uma pessoa iniciante na docência e na pesquisa. O resultado deste critério, em geral, fazia com que aqueles mais antigos, mais experientes ou com maior financiamento, que já contavam, inclusive, com o

Este é meu milésimo post

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Nos últimos seis anos, tentei cumprir a intenção da Betha, personagem da Now Sem Rumo [i] no primeiro post deste blog, em 19 de dezembro de 2014, que reproduzo acima, que era de mudar o mundo. Por mil vezes estive aqui postando desenhos, charges, textos ilustrados, falsa filosofia e falsos poemas e entrevistas com amigas e amigos. Estes posts tiveram cerca de 185 mil acessos, ou seja, a média de 185 visualizações por publicação, a maioria delas realizadas por amigas e amigos que ainda me levam a sério ou me acham um humorista. Tirando uns pequenos contratempos, como o aquecimento global, a pandemia de COVID e Bolsonaro, tenho conseguido cumprir a meta de mudar o mundo. Ou, pelo menos a minha visão do mundo. O ato de escrever sobre aquilo que não sei, me ajuda a ficar sabendo, diria Fernando Sabino. E neste processo, vou descobrindo maravilhado minha ignorância cada vez mais infinita. Ao me expor publicamente, algumas vezes acabo recebendo críticas consistentes, que me obrigam a rever

Meritocracia corrigida

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  O amigo Paulo Augusto Moreira Camargos mencionou o cartum publicado sobre meritocracia ( VER AQUI ) numa conversa entre os amigos Facundos (Thalma, Zeina, Raquel, Tarcísio e César) e concordamos que a ideia mais correta seria representar uma mulher negra na situação, pois, na verdade é uma questão de classe, raça e também gênero.  Por isso, refiz e republico o desenho com uma mulher negra representando o extremo da exploração capitalista. Aliás, ontem também foi divulgada nova informação sobre a participação do racismo na desigualdade de renda entre brancos e negros e homens e mulheres ( VER AQUI ).

Meritocracia

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Suprema força

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Bolsonaristas também acreditam na ciência (atualizado em 5/3/21)

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  Ando pensando que os bolsonaristas são mais inteligentes e informados do que imaginamos, porque eles também usam os conhecimentos científicos sobre a COVID para defenderem suas condutas. Quando Bolsonaro nos disse, lá no começo da pandemia, que a COVID é uma gripezinha e que quanto mais rapidamente as pessoas se contaminarem melhor, pois atingiríamos a tal imunidade de rebanho e a epidemia se controlaria espontaneamente, ele estava apresentando sua interpretação das informações científicas às quais seu grupo teve acesso naquele momento e, a partir de então, defende o discurso de deixar rolar. Por exemplo, o dado epidemiológico de mortalidade de 1% das pessoas infectadas, especialmente aquelas com fatores de risco, idosas, mulheres gestantes, mais pobres, índios e quilombolas, ou seja, um bando de maricas sem histórico de atletas, representa uma perda absolutamente insignificante para quem não é capaz de se colocar no lugar do outro, daquele que sofre. Do ponto de vista daquele que nã

Quando nos tornamos racistas? (atualizado em 26/2/21)

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  Resumo de uma palestra feita no grupo de amigas e amigos denominados Os Facundos (vídeo ao final) Numa conversa, a amiga disse que as crianças pequenas não são racistas, que elas aprendem depois dos seis anos. Fiquei pensando. Lembrei-me das ideias do cientista Robert Sapolsky, que começou sua vida como pesquisador “tornando-se” um babuíno para poder estudar o comportamento daqueles nossos parentes distantes. Ao ler seu “Memórias de um primata”, há cerca de 20 anos, apaixonei-me pelas suas aventuras no Quênia e em 2018 aprendi mais ainda com seu último livro sobre a biologia do comportamento humano (“Behave – the biology of humans at our best and worst”). Quem quiser conhecer um pouco de sua profunda obra científica, pode assistir o vídeo de 15 minutos no qual Sapolsky sintetiza algumas de suas ideias durante uma palestra TED (ver no YouTube https://www.youtube.com/watch?v=ORthzIOEf30 ). O racismo é um dos piores comportamentos humanos e dizem que para combater o mal, o primeiro pas

Volta às aulas presenciais?

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  Algumas famílias têm perguntado se suas crianças já devem voltar às aulas por causa da pandemia de COVID-19. Todos sabemos que a escola é fundamental nas vidas das crianças, não apenas no aspecto do conhecimento, mas principalmente na sua socialização, amadurecimento e desenvolvimento da personalidade. Além disso, para cerca de 30 milhões de crianças no mundo, a escola é sua única fonte de alimentação regular. Consultei colegas que estão estudando esta questão de forma sistemática e vejam abaixo que seus comentários (por ordem de chegada) mostram que não há uma única resposta para quando e como deve ser feito o retorno presencial às aulas. Precisamos discutir esta questão de forma racional, científica e política. Professor Unaí Tupinambás (Infectologista) Respondeu verbalmente que considera que as crianças mais pobres devem retornar às escolas em Belo Horizonte, porque elas estão em condições de vulnerabilidade por falta de alimentação, violência doméstica, e outras dificuldades so