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Mostrando postagens de abril, 2022

Serenidade revolucionária

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  Terminei de ler “ Mulheres, raça e classe ” da Angela Davis , a mundialmente conhecida intelectual feminista e comunista que escreve como fala: com serenidade revolucionária.  Angela recupera a história do racismo e das mulheres negras para demonstrar que estas condições fazem parte das engrenagens da formação da estrutura de classes na sociedade capitalista. Sua clareza e extensa documentação fazem-me sonhar com este livro ilustrado para jovens, para que mais pessoas pudessem compreender desde cedo a estrutura social desigual na qual vivemos. Entendemos melhor o mundo com o recurso das metáforas e das imagens , como chamou atenção Mary Hesse, e meus pensamentos surgem por meio de formas e desenhos. Então não resisti e comecei a fazer um esboço do que aprendi neste livro da Angela Davis. Ao ver a luta das mulheres, em especial das negras (e mais ainda das escravizadas), para manter a própria vida e gerar novas pessoas, tenho a forte percepção (quase tautológica , admito) de que o sen

Nossa voz, Angeli

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  Soube pelos jornais que Angeli está com afasia e por isso deixará de nos alimentar politicamente com sua arte na Folha de São Paulo. Angeli é um artista inspirador para todos nós e o vídeo Angeli 24 horas nos mostra isso de forma maravilhosa. A doença de Angeli nos espanta: ele, que sempre falou por tantos de nós, não mais o poderá fazer. Terá se cansado de denunciar a pandemia de estupidez que vivemos? Sem seus cartuns, ficamos afásicos todos nós. Imagino e lamento profundamente o sofrimento pelo qual Angeli e sua família possam estar passando neste momento. Desejo-lhes solidariedade, amizade e bons cuidados da medicina. Com a admiração de sempre, Lor

Bagaços

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  O aparente aumento do apoio popular a Bolsonaro significa que estamos começando a esquecer o imenso sofrimento causado pela pandemia de COVID? Foram mais de 660 mil mortes e dezenas de milhares delas teriam sido evitadas se uma milícia de extrema direita não houvesse tomado conta do governo. Qual é o balanço social deste tempo triste que vivemos? O saldo de dois anos e meio de pandemia, agora reduzida nos números por causa da vacinação (e transformada em endemia por decreto), tem sido o agravamento das desigualdades sociais, o aumento do risco de uma guerra nuclear e a menor articulação global para o enfrentamento da crise climática já em curso. Este tempo de dor e tristeza parece não ter abalado as convicções daquela parte da humanidade que é insensível ao sofrimento coletivo. Continua uma em cada quatro pessoas negando o racismo e os crimes da escravidão, sustentando o machismo assassino, defendendo os genocídios indígenas, provocando mais aquecimento global e culpando os pobres p

Por que não queremos o CRM na gestão do SUS de BH?

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Você lembra que a política do governo Bolsonaro na condução da pandemia de COVID-19 aumentou as mortes por COVID-19, a quantidade de gente doente e com sequelas e por isso foi indiciada na CPI e aguarda julgamento na Justiça? Você lembra que o Conselho Federal de Medicina e a maioria dos Conselhos Regionais de Medicina (CRM), inclusive o de Minas Gerais, apoiaram essa política criminosa do governo Bolsonaro? Sabe como? Os CRM fizeram o que Bolsonaro mandou e não seguiram as recomendações científicas internacionais para proteger a população, mesmo depois dos pedidos dos profissionais da saúde, parlamentares, entidades da sociedade científica e movimentos sociais. Agora, o CRM de Minas quer tomar conta do SUS de BH. Mas os CRMs  nunca defenderam o SUS: Porque jamais foram contra a Emenda Constitucional 95, que retirou dinheiro da Saúde e está desmontando o SUS. Porque querem privatizar a assistência à população, unindo-se a empresas que tratam a saúde como mercadoria. Porque defendem prá

O mito da beleza

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  (ou como envelhecer sem rusgas) Terminei de ler, com 30 anos de atraso, o incrível livro de Naomi Wolf [1] sobre como a busca por um corpo ideal se tornou uma forma de redução da autoestima feminina, o que permite a sua aceitação das desigualdades de gênero: O Mito da Beleza . Aprendi muito com Naomi sobre como a sociedade moderna vem criando um opressivo senso comum em torno de um padrão de beleza universal, que ela chama de a Donzela de Ferro  (um instrumento de tortura da Inquisição Católica - ilustrada acima - sobre o qual existem algumas dúvidas [3]). Este mito da beleza natural e universal, corresponderia à mulher branca, jovem , loura, de olhos claros, magra, hiper sexualizada [2], maquiada e vestida de determinada maneira. Este modelo de beleza inalcançável seria imposto desde a infância a todas as crianças do mundo, apesar da maravilhosa diversidade de tipos humanos espalhados pelo planeta. Uma vez que a maioria das pessoas não se encaixa no padrão de beleza adotado pela i