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Mostrando postagens de setembro, 2022

As urnas eletrônicas novamente

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  O desenho acima é para algumas pessoas queridas que não entenderam de imediato a charge de ontem . Se o público não ri, a desgraça é do humorista. Mas, se ainda não ficou claro, tento novamente. De qualquer forma, você mesme pode concluir que as urnas são inseguras: basta lembrar de alguns caras eleitos por elas: Bolsonaros (Jair, Flávio, Eduardo, Carlos etc), Collor, Roberto Jefferson (ou padre Kelmon), Maluf, Garotinho, Pezão, Sérgio Cabral, Witzel, Eduardo Cunha, Malafaia, Temer, Aécio Neves, Geddel, Zema... Você lembra outras, certamente.

Sim, as urnas são inseguras...

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Haddad, a rainha e eu

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Fernando Haddad, essa pessoa doce e político admirável, que nas horas vagas é também um intelectual muito culto, escreveu o livro chamado “ O terceiro Excluído ”, no qual ele defende que “a tribo (ou nação) e a religião não apenas têm a linguagem como pressuposto, mas também são decorrência de como as culturas revoluem”. Isso mesmo, o verbo revoluir foi inventado por ele para distinguir o surgimento de diferentes culturas da maneira como se processa a evolução biológica. Lendo o Haddad e lembrando-me do cruel colonialismo racista inglês, mas incapaz de fugir do noticiário, insuportavelmente piegas, sobre o funeral da rainha, fiquei pensando como este espetáculo fúnebre de mídia (- Puta case de investimento em turismo, mêu! – diria o Duvivier) demonstra a hegemonia da língua-nação-religião anglo-saxônica cristã supremacista branca. Foram inumeráveis os depoimentos de pessoas brancas (britânicas ou não) às lágrimas, revelando seu amor (próprio) pela rainha, a quem agradecem por tudo que

Para colorir

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  OBSERVAÇÃO: na primeira versão do post, o desenho do 73 parecia 13. Nada disso: o 13 é outro balão, em ascendência. 

Ao mestre, com gratidão

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  Acabo de ler A Caravela, do meu professor de quadrinhos e de história do Brasil, compadre, amigo e irmão de nanquim, o Nilson Azevedo, que carinhosamente me enviou um exemplar (no sentido mais profundo do termo) do seu livro. Esta edição d’ A Caravela (2022) é uma pequena amostra do humor e da alma deste cartunista pleno, o primeiro que conseguiu sobreviver do trabalho de cartunista nas terras de Minas sem se mudar para o Rio ou São Paulo, quando a cultura brasileira era (e continua sendo) colonizada pelos norte-americanos , mas também subcolonizada pelos cariocas e depois pelos paulistas. Basta lembrarmo-nos de alguns dos artistas mineiros que precisaram migrar para o Rio, como Drummond, Guimarães Rosa, Otto Lara Rezende, Fernando Sabino, Borjalo, Ziraldo, Henfil e Nani e por lá ficaram. Depois da ousadia do Nilson, permanecemos, seus discípulos, reunidos em Minas em torno de projetos regionais de resistência contra a ditadura, como o Humordaz, o Grupo Mineiro de Desenho, os Cadern

Thalma em construção

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  Compartilhando o estúdio com Thalma, acompanho seu belo trabalho artístico, atualmente feito de pinturas, retratos e aquarelas. Geralmente gosto muito do resultado criativo de suas obras, mas sou especialmente fascinado pelos momentos iniciais de cada trabalho, quando Thalma coloca as primeiras cores e traços e a tinta ainda não cobriu totalmente a textura da tela sobre a qual ela trabalha. Há uma promessa de futuro na obra inacabada, que sempre me encanta. Por exemplo, no detalhe acima, de um retrato de uma menina que Thalma começou recentemente, o fragmento ampliado nos permite ver as dezenas de cores formando a expressão belíssima do olhar, um poema inacabado na tela, como a vida dessa criança. Ao entrar em nosso estúdio, neste sábado de um setembro angustiado em nosso país, seco pela prolongada estiagem e esfumaçado pela fuligem das queimadas, a força e a beleza de seu trabalho, Thalma, despertaram a esperança de que continuaremos construindo um futuro melhor para a dona de

Tropa da Elite

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Meu primeiro 7 de setembro

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  É possível que este próximo sete de setembro se torne uma data marcante, seja porque teremos sofrido mais um golpe militar, seja porque todas as ameaças fascistas não terão passado de mais um blefe para continuar o processo de corrosão da frágil democracia brasileira. De qualquer forma, esta data já me é inesquecível desde o tapa que levei de minha mãe por me recusar a vestir o uniforme da escola, com o qual deveria desfilar pelas ruas de Lambari nas comemorações do 7 de setembro de 1958. Ter que vestir aquela roupa e marchar batendo os pés ao compasso de uma banda militarizada pareceram-me coisas ridículas de se fazer, ainda que eu não soubesse justificar à época o porquê da rebeldia. Talvez fosse o embrião da visão internacionalista que amadureceria em mim com os anos, opondo-me aos diversos patriotismos que infestam nossa humanidade. Minha mãe, aprisionada pela crença na pedagogia violenta da época, lascou-me um tapa na perna direita com tanta força que aos prantos me submet

Julia Rocha, muito +Médica

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  Desde as primeiras páginas de “ Pacientes que curam ”, Júlia Rocha abriu meu coração com delicadeza e me conduziu pelas vidas das pessoas que ela atende como médica no Programa de Saúde da Família, do SUS. Guiado por ela, fiz um percurso pelas histórias exemplares que florescem em toda casa da periferia de Belo Horizonte. A cada três ou quatro páginas, eu não conseguia conter as lágrimas: de tristeza pelo sofrimento causado pelas doenças, de indignação e raiva pela miséria causada pela estrutura social em que vivemos, mas, principalmente, chorei pela esperança que Júlia desperta ao mostrar que existem pessoas como ela e que um outro mundo é possível. Quando era menino, eu admirava meu pai José Benedito Rodrigues pelo seu trabalho como médico da roça, como ele se intitulava, atendendo as famílias na periferia de Jesuânia e Lambari, nossas cidades no Sul de Minas. Papai era apaixonado pelo trabalho e seu lema de vida era “quem não vive para servir, não serve para viver”, um aforism