Big Hiro: como eu e Ana vimos o desenho
Big Hiro
Terminei de
ver ontem o desenho animado Big Hero e mais uma vez fico admirado com a
capacidade dos estúdios Disney de representarem o mundo em que vivemos, através
de uma ótica própria, colorindo a multiplicidade de conflitos sociais e a ideologia
contemporânea, com seu ideário consistentemente apresentado sob a forma de
sofisticada computação gráfica, que simula o real tanto quanto o esconde. Em poucos minutos, somos apresentados aos
valores da livre iniciativa, da tecnologia, da força física para a solução de
conflitos, do papel do estado e da ciência, da assimilação politicamente
correta das supostas raças humanas e da superioridade intelectual do homem
branco. Muita coisa para um simples desenho animado, uma história inocente para
crianças? Então, tentarei mostrar como eu o vi.
Hiro, um
interessante nome japonês que se torna herói na pronúncia em inglês, é um
menino aparentemente nipo-americano, pois tem os traços brancos e, além do nome,
a cidade em que vive é uma mistura da californiana São Francisco com a nipônica
Tóquio, localização fictícia que nos remete para o território da fantasia, onde
tudo é possível. Como é habitual no mundo Disney, Hiro não tem pais e vive com
uma tia e com o irmão, suas principais relações afetivas, e esta ausência dos
pais nos remete para a construção do mito dos heróis, na qual é necessária uma
origem inicial estrangeira e órfã do personagem, o qual se revela mais tarde
ser descendente de uma linhagem de sangue nobre ou aristocrático, reafirmando o
direito natural dos heróis ao seu papel social, como se repete nas histórias do
Super Homem, Jesus, Édipo, Moisés e tantos outros.
Hiro utiliza
sua inteligência inata (e provavelmente hereditária - seu irmão Tadashi Hamada
é também um gênio da robótica) para descolar uma grana vencendo competições de
robôs com seu modelo imbatível, até que se mete em confusão com os marginais derrotados
e, depois de salvo pelo irmão, é levado por ele para uma visita à
“universidade”, na verdade, um lugar destinado à tecnologia. No laboratório,
Hiro é apresentado aos amigos do irmão, um grupo de pessoas formado por um
negro, uma latina, um ruivo e uma loira, ou seja, a famosa classificação racial
de Fitzpatrick, que se completa com a inclusão de Hiro (ou Tadashi) na posição
branca.
O irmão Tadashi
mostra a Hiro sua principal invenção, o robô Baymax, um equipamento destinado a
realizar os diagnósticos e tratamentos de problemas de saúde, que é um boneco branco,
simpático, superafetuoso e obeso. No entanto, por dentro de toda aquela fofura,
existe uma estrutura metálica quase indestrutível, com sensores
sofisticadíssimos de identificação do pensamento e comportamento humanos. Por
falar em comportamentos, é bem possível que a escolha do formato obeso do
simpático Baymax pretenda atingir os inúmeros consumidores com sobrepeso,
provavelmente majoritários entre os espectadores do desenho animado e de seus
produtos de marketing.
Ao final da
visita, Hiro fica conhecendo o professor Callaghan, uma espécie de rei das leis
da robótica, de aparência física indeterminada naquele primeiro momento
(iraniana, francesa?). Depois de analisar o pequeno robô de lutas criado por
Hiro, o professor manipula a vaidade do menino, que se sente desafiado a tentar
entrar para a universidade com um projeto sensacional, mesmo que ainda seja uma
criança.
Hiro trabalha
dias seguidos em seu projeto e desenvolve minis robôs que obedecem ao
pensamento humano, o qual é transformado em sinais de comando por uma tiara
eletrônica. Os robôs, aos milhões, dão forma ao desejo mentalizado daquele que
usar a tiara, reagrupando-se em mil estruturas diferentes e aparentemente inofensivas.
Quando Hiro o apresenta na feira de invenções, diz que depois daquela invenção
não haverá mais necessidade de trabalho, ou seja, de mão de obra para a
construção de qualquer coisa. Parece-me que se repete aqui o ideal paradoxal do
capitalismo, que seria se livrar totalmente da classe operária, mas está
impedido porque o lucro somente é possível quando o capital se apropria de
parte do valor do trabalho assalariado.
Neste
sentido, no mundo Disney, na representação do trabalho raramente aparece alguém
realizando o trabalho braçal de transformar a natureza, de construir de fato um
objeto, fundindo o metal, cavando o chão, etc. O que vemos, quando ocorre, são
trabalhadores terciários, ou seja, no setor de serviços, como a tia de Hiro que
trabalha numa lanchonete (aliás, que triste coincidência a vice mãe do herói
cuidar de uma loja onde se vende açúcar e gordura numa época de epidemia de
obesidade). Por exemplo, para construir sua invenção genial, de supressão
tecnológica da mão de obra, Hiro, naturalmente, usou apenas computadores para montar
os minis robôs: mas quem construiu os computadores? Ah, claro, outras máquinas
automáticas. E quem construiu as máquinas automáticas? Ah... como diria a Rosa,
não sabemos!
Na feira de
novas tecnologias (a mais evidente delas é um robô na forma de par de braços,
ou seja, outra, literalmente, “mão de obra” automatizada), a invenção de Hiro
supera em muito qualquer coisa que já tenha sido realizada ou, curiosamente, que
ele possa vir a aprender na universidade, para onde deseja tanto entrar. Assim,
ao apresentar seu projeto, Hiro é aplaudido por todos e o milionário Krei, dono
da empresa que está apresentando as mãos automáticas (que aplaudem Hiro), tenta
comprar dele os direitos da invenção, mas o professor Callaghan convence Hiro a
não vender, lançando dúvidas sobre a integridade moral do empresário. Na saída,
o empresário tenta levar no bolso disfarçadamente um dos minis robôs,
antecipando seu possível caráter desonesto, que será fundamental para trazer
sobre ele as suspeitas do que virá a seguir.
No breve
momento em que Hiro e amigos saem da feira para tomarem um café, um incêndio
toma conta do pavilhão e Tadashi volta para tentar salvar seu querido professor
Callaghan, mas tudo vai pelos ares e nos defrontamos com o desaparecimento do
irmão de Hiro e de seu professor. Profundamente abalado pela perda, Hiro
entrega-se a uma tristeza imobilizadora até que Baymax é casualmente ativado
entre os pertences do falecido Tadashi e tenta curar Hiro daquilo que ele
identifica como alteração dos neurotransmissores do menino, ou seja, uma
depressão. Em seu esforço obsessivo-curativo, Baymax observa que os movimentos
de um mini robô numa placa de vidro, aquele mesmo que quase fora roubado por Krei
e que ficara no bolso de Hiro, indicam que o mini robô deseja se unir aos seus
semelhantes em algum lugar. É interessante notar que a placa de vidro é uma
daquelas de laboratório, chamadas de Placas de Petri, que são uma espécie de
símbolo de instrumento para culturas de seres vivos, remetendo-nos ao
simbolismo latente daquele mini robô, um ser vivo, um ser que, junto aos
milhões de outros iguais a eles, são capazes de construir e transformar coisas,
pequenos minis trabalhadores (o que é um robô, senão um trabalhador
automatizado?).
Seguindo
Baymax pelas ruas, Hiro acaba descobrindo um galpão onde milhões de outros
minis robôs estão sendo produzidos e armazenados clandestinamente por um vilão
sombrio, que usa uma máscara kabuki, que nos lembra também a China, remetendo-nos
ao temido poder do controle ideológico e estatal dos bilhões de trabalhadores
chineses. Flagrados pelo bandido, Hiro e Baymax fogem do seu poder agressivo
representado pelos minis robôs, agora transformados em soldados-armas
terríveis. Os dois heróis escapam e tentam buscar a ajuda da polícia, que, representando
o estado burocrático (das leis, da ordem, da democracia) se mostra incompetente
e insensível para enfrentar aquela ameaça gigantesca. O policial é um
trabalhador terciário obtuso e entediado (interrompido no seu jogo de paciência
com cartas na tela do computador) que registra impaciente a ocorrência diante
de Hiro e Baymax, sendo incapaz de perceber o extraordinário acontecendo diante
de seus olhos. A estupidez e as trapalhadas são atributos dos trabalhadores
disneyanos, cuja expressão máxima são os irmãos Metralha, frequentemente
condenados a trabalhos forçados porque insistem em realizar seu desejo proibido
de tomarem para si o capital acumulado do Tio Patinhas.
Percebendo a
ineficácia da polícia (a representação do estado mais palatável na visão
liberal), Hiro reajusta Baymax para se tornar um robô lutador, construindo para
ele uma armadura em tons de verde mais escuro e vai atrás do bandido. No porto, é encontrado pelos amigos e todos testemunham
o vilão e seu exército de bilhões de mini robôs emergindo das brumas do fundo
do oceano. Descobertos pelo bandido mascarado, os jovens são implacavelmente
perseguidos pelas ruas da cidade e escapam de serem destruídos porque Baymax os
protege com sua estrutura incrivelmente resistente (criação de Tadashi,
lembremos).
Convencidos
de que devem enfrentar com os próprios recursos o misterioso bandido (que eles
imaginam ser o empresário Krei), Hiro e seus amigos se transformam em
super-heróis incorporando tecnologias poderosas criadas por eles e que são
testadas na mansão de um deles (o falso nerd sem dinheiro), com a ajuda do
mordomo, cuja obediência ao patrãozinho ruivo transforma o trabalhador em alvo cômico
e impassível durante os treinamentos, repetidas vezes. A principal arma,
naturalmente, é Baymax, transformado de bondoso robô médico-psicólogo (verde e
branco) em lutador mais poderoso (agora em vermelho), com nova programação
inserida em seus circuitos por Hiro, por meio de um velho disquete de
computadores da década de oitenta (Oh, saudades da Guerra Fria?). No entanto,
esta nova programação belicosa ainda não autoriza que Baymax cause danos a
seres humanos.
Prontos para
o combate, cujo objetivo é tomar do chinês, digo, do vilão a máscara que
controla os trabalhadores-soldados, a equipe descobre um vídeo no novo esconderijo
do bandido numa ilha, que reconta a história do projeto de teletransporte encomendado
secretamente pelos militares norte-nipo-americanos ao Krei e ao professor
Callaghan (pronuncia-se calarrã, um nome de origem irlandesa mas com sonoridade
árabe). No vídeo, vê-se que o projeto tecnomilitar terminara em desastre por
imprudência do ganancioso Krei que, ignorando intencionalmente o aviso de um
técnico, que informou haver instabilidade no equipamento, autorizou o
lançamento da cápsula espacial com Abigail, a filha do professor Calarrã a
bordo. O experimento começou a desmoronar e um militar (aparentemente um
general branco ou equivalente) mandou interromper o processo, mas a bela Abigail
já se perdera (aparentemente morta) e tudo se transformou em destroços.
Assim que o grupo
de Hiro tomou consciência do que acontecera naquele sombrio galpão, foram
atacados por trás pelo vilão mascarado e apenas se salvaram porque foram protegidos
pelo Baymax. Na intensa luta que se travou, a máscara chinesa foi ao chão e se
descobre que o vilão, na verdade, era o professor Calarrã, cujas roupas e a
cabeça semicoberta dão-lhe naquele momento a aparência de um Taleban ou de um
membro do Estado Islâmico. Calarrã tornara-se um indivíduo mau por desejo de
vingança contra Krei, por este ter causado a morte de sua filha. Impedido de
ferir seres humanos, Baymax deixa Calarrã recuperar a máscara e fugir e Hiro
volta para sua casa tomado por um ódio sagrado e desejo de vingança, que o faz reprogramar
o Baymax para que ele seja um destruidor, inclusive de seres humanos,
especialmente do traidor Calarrã.
Em busca do
combate final com o bandido, Hiro e amigos reencontram Calarrã na inauguração
de uma nova sede das empresas de Krei, onde o mascarado reaparece com o túnel
de teletransporte do antigo projeto dos militares, agora recriado pelos minis
robôs, o qual suga e destrói tudo que Krei construíra. Usando da própria
inteligência e da força de Baymax, Hiro faz com que os minis robôs sejam
sugados pelo próprio túnel, o que acaba com o poder de Calarrã. No entanto,
quando tudo parece que vai desaparecer, Baymax identifica sinais de vida, que Hiro
desconfia serem da filha de Calarrã, vindos do outro lado da porta de entrada
do teletransporte, e ele e Baymax partem para salvar, num lance edipiano de
libertação, a princesa, digo, a bela adormecida. No esforço para voltarem ao
mundo real, acabam-se as energias de Baymax, que se sacrifica heroicamente num
último gesto, usando sua mão descartável na forma de propulsor da cápsula, lançando
Hiro e a moça para fora do campo gravitacional, mas permanecendo ele mesmo numa
outra dimensão, aparentemente para sempre.
Destruída a
parafernália de Calarrã, este vai preso algemado para o carro da polícia, de
onde vê sua filha, já acordada, sendo colocada numa ambulância, enquanto Krei
conversa com policiais, aparentemente como uma testemunha. O cenário de
destruição da Kreitech lembra-me os destroços da World Trade Center em 2011.
De volta à
sua casa, Hiro descobre que a mão mecânica e poderosa de Baymax, que o salvara
da morte junto com a mocinha, continha escondido nela o velho disquete de
programação do velho Baymax, aquele bondoso branco, fofo e delicado
médico-psicólogo, que é imediatamente restaurado de forma idêntica ao original.
Depois daquele abraço amistoso entre Baymax e Hiro, fico imaginando se meninos
com excesso de peso estão agora se sentindo reconfortados diante da zoação de
seus colegas por haver um herói tão poderoso e um pouco parecido com eles. A alegria retoma o grupo de amigos que, já demonstrados
os seus poderes assim como os perigos do mundo e a ineficácia do estado em
proteger a civilização, formam o mais novo grupo de super-heróis, já anunciando
uma próxima aventura, ou seja, novos justiceiros estão de plantão.
Em resumo, a
livre iniciativa do menino homem branco norte-nipo-americano naturalmente superior
(geneticamente – racialmente?) dá uma surra física no malvado estrangeiro (chino-arábico?)
e seus trabalhadores-soldados, toma dele a filha (mulher-inocente-indefesa) e salva
a civilização branco tecno-macho-capitalista. Mas tudo isso, a gente já
esperava. O que mais temos neste filme?
Primeiro, um
interessante contraponto entre a ciência (no filme representada como tecnologia
de saúde embutida em Baymax), a livre iniciativa (o empresário Krei) e o duplo
papel do estado (interditando o projeto do teletransporte e prendendo Calarrã).
Parece-me que no filme a ciência somente é válida enquanto for útil (medicina
ou armas, desde que em boas mãos, dos nossos heróis), que os empresários são um
pouco gananciosos, mas o estado somente deve intervir em última instância. Está
tudo bem, assim, sem dúvida, porque assim é, e aparentemente para sempre.
Temos também
a dúvida: por que Calarrã foi preso e Krei não? O começo de todos os problemas
teria sido o crime de imprudência do empresário Krei que insistiu em lançar a
cápsula, supostamente matando a filha de Calarrã, que, tomado pelo desejo de
vingança, provocou um incêndio para roubar a invenção de Hiro, durante o qual,
acidentalmente, morreu Tadashi. De posse dos minis robôs, Calarrã destruiu a
propriedade privada de Krei e só não escapou por causa da livre iniciativa de
Hiro e seus amigos.
Assim, ambos,
Krei e Calarrã, talvez devessem explicações à justiça, pois eles cometeram
crimes diferentes, motivados por ambição e vingança. No entanto, somente
Calarrã usou da força, o que em nossa sociedade é privilégio do estado (ou, no
caso, dos super-heróis que a defendem).
Considerando que o projeto do teletransporte era uma atividade secreta
entre Krei, Calarrã (que envolveu a própria filha) e os militares, é possível
que Calarrã não fique muito tempo na prisão em troca de manter silêncio sobre o
assunto, pois qualquer coisa que venha a revelar seria uma espécie de
Weakleaks, aqueles certos segredos da indústria tecnomilitar que devem ser
mantidos ocultos para os cidadãos.
Para
garantir que nós terminemos o filme sem pensarmos muito nestas dúvidas, o
brilho das armaduras e efeitos especiais dos novos justiceiros saltam aos
nossos olhos como um bom disfarce para ocultarem as relações corruptas entre
empresários, estado e a tecnologia, nesta civilização que construímos todos os
dias com nosso trabalho. O mesmo trabalho, pelo qual recebemos um salário, já
descontado o lucro dos patrões, do qual retiramos uma parte para compramos
estes desenhos que alimentam nossa fé no sistema em que vivemos e nos
emocionam, sim, porque ninguém é de ferro, ou fibra de carbono, como o Baymax.
Comentário da Ana
Olá, pai.
Entendo seu ponto de vista, principalmente o econômico. Mas também vejo
no Hiro outras coisas:
- Vejo que na cena inicial tem uma MENINA fazendo guerra de robôs (a que
é derrotada antes do Hiro). Podia ser um menino (a lutar) e reforçar um
estereótipo, mas era uma menina.
- Vejo que a solução (do conflito) vem de um GRUPO e não de um herói
sozinho. Um grupo de amigos que inclui duas meninas em 4 (não estou contando o
Hiro), e não 1, mostrando uma participação de 50% de mulheres, ao invés dos
20%-30% usuais.
- Duas meninas que, por sinal, estão envolvidas com tecnologia (outro
estereótipo), e que têm personalidades diferentes, e que não são “gostosas”
(como mulheres geralmente são representadas em filmes de ação. Uma é magrela de
óculos e a outra meio masculinizada, e elas não se apaixonam por nenhum dos
meninos (e nenhum deles olha para elas de forma sexualizada ou com
coraçõezinhos nos olhos). O predomínio da cor Rosa é satirizado na primeira
frase de uma delas: “Too Pink? ” (Rosa demais?).
- Vejo diversidade, sim: nerds, negros, obesos, gays (a menina
masculinizada?) e cooperação entre eles.
- Vejo uma narrativa não linear, onde o certo e o errado se misturam: o
professor estava querendo vingança porque o outro matou a filha dele. Ele é “mau”?
Ao mesmo tempo ele quis ajudar o Hiro a não entrar para o submundo. Estava
sendo “bom”?
Enfim, acho que seu texto talvez tenha jogado o neném fora com a água da
bacia. Da mesma forma que não acho certo quando vejo as pessoas falarem que
homem não pode ser feminista (porque retiraria o protagonismo das mulheres até
do movimento feminista), ou que fulana não é feminista “de verdade” porque
defende prostitutas, ou que o Sakamoto não é de esquerda porque usa MacBook. Acho
que a gente tem que dar crédito para cada pequena conquista. Um filme que passa
no Bechdel Test (e este passa), já é uma conquista.
O Bechdel Test é um teste muito simples, criado
para sabermos se um filme representa as mulheres de forma minimamente decente.
Para isto o filme tem que cumprir três coisas: a) tem que ter pelo menos duas
mulheres (com nomes); b) uma deve dialogar com a outra; c) e o diálogo não pode
ser sobre um homem. O filme Big Hero cumpre o primeiro item e talvez o ÚNICO
diálogo entre duas mulheres (“Pega a máscara”; “Peguei! ”) cumpriria o segundo
item, uma vez que a máscara é do vilão, que é homem, mas já é alguma coisa.
Só para se ter uma ideia do quão grande é
esta vitória, a MAIORIA dos filmes não passa neste teste simples. Não é um
teste feminista (“50 tons de cinza” passa no teste, por exemplo), mas mostra o
quanto as mulheres são pouco representadas nos filmes.
Este filme, que tem personagens meninas que possam se identificar em uma
carreira nas exatas, já é uma conquista.
Temos muitas lutas pela frente, precisamos de todos os nossos aliados,
senão nos tornaremos a Liga dos Povos da Judéia versus a Coligação dos Povos
Judaicos.
Beijos!
Ana
Adendo: a última frase é uma referência ao filme "A vida de Brian" do Monty Phyton, onde grupos políticos se matam por diferenças mínimas, uns são A Liga dos Povos da Judéia, os outros a Coligação dos Povos Judaicos, os outros os Judeus Unidos, e ninguém se entende...
ResponderExcluirSeus comentários enriqueceram minha percepção sobre o filme é acho que você tem razão.
ResponderExcluirBeijo grato
Adorei os dois textos, adorei as considerações da Ana sobre tornarmos a liga dos povos da Judéia e etc.,
ResponderExcluirNão vi e nem vou ver o desenho, dissecado por vocês, chega de massacre do mesmo tema capitalista ��
Prefiro o “ O irmão do Jorel “ hahahaha
Bjsss em vocês
Eu amo esse filme big hero baymax adoro eletrônicos robôs
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