Aquarela





Para o amigo Romeu



Condenado nascituro à pena capital,

(Por ser inevitável replicador de genes,

Egoístas ou não, - como saber)

Ignoro quando serei chamado ao patíbulo.



Obrigado a esperar, cultivo flores invertidas,

(Ciclâmens brancos e girassóis noturnos,

E envio mensagens altruístas de Arecipo para planetas distantes)

Mas, no mais, pouco difiro de quem vai livre pelas ruas:

Apenas estas grades,

Transitadas em julgado pelo magistrado das últimas instâncias.



Não me desespero, (apesar dos tristes pensares)

Porque meus três últimos desejos,

Mudar de espécie, não morrer e viver em outro mundo,

Já estão atendidos:

Sou a água viva numa aquarela que estou ainda a pintar.






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