Rio amargo

















Estas águas turvas que chegam à foz,

Como todos os rios no curso inevitável da entropia,

Trazem partículas de lembranças ferrosas de Itabira,

Folhas secas dos buritis das veredas de Cordisburgo,

Traços das maluquices dos meninos de Caratinga,

E sangue das graúnas hemofílicas do Ribeirão das Neves.



Em meio a tantos resíduos,

Antes que tudo se desfaça no mar,

Ainda existiria algum fragmento do brinquedo

Que deixei cair nas águas do rio Lambari?


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