O suicídio do Coringa

 

No livro “O pobre de direita”, Jessé Souza encontra semelhanças entre muitos dos eleitores de Bolsonaro e o personagem Coringa, interpretado por Joaquin Phoenix no filme lançado em 2019.

Na análise de Jessé, fundamental para quem quer compreender o mundo atual, os bolsonaristas (ou trumpistas e outros pobres que votam com a extrema direita), têm em comum com o Coringa o sentimento de humilhação constante. No caso do personagem, pelas suas dificuldades neurológicas, no caso dos eleitores a ameaça crescente aos seus privilégios masculinos, especialmente homens brancos e pobres, descendentes de alemães e italianos no Sul e Sudeste, redutos eleitorais da direita no Brasil.

Jessé também nos ajuda a entender porque negros, especialmente evangélicos, votam em Bolsonaro e vale a pena conhecer seus argumentos sólidos.  

Quanto aos homens, brancos e pobres, a perda de seu poder simbólico vem acompanhada de frustração econômica, porque na sociedade capitalista, que promete aos campeões a fama e a riqueza dos Musks, a maioria dos PJ que morre diariamente nas motocicletas de entregas acaba descobrindo que seu sonho se tornou impossível. E depois de tanto esforço, tanto trabalho, a culpa só pode ser dos outros... dos nordestinos, por exemplo (entre eles, um tal de Lula! que dá bolsas para quem não quer trabalhar!).

A humilhação crônica gera desespero e raiva nestes homens com pouca instrução e, no extremo, se tornam homens-bomba que cometem atos de insanidade típicos de quem não tem mais nada a perder. Dizem que Hitler ao perceber sua derrota teria dito: Se a Alemanha não for nossa, não haverá Alemanha.

Se você não for minha, - diz o feminicida, - não será de ninguém.

E, como o Coringa, por vingança, eles apertam o gatilho, o número de Bolsonaro na urna eletrônica ou o detonador de uma bomba diante da estátua da Justiça.


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