Pedir paz não é ingenuidade

 


Enquanto pessoas amigas se debatem entre apoiar ou condenar a invasão russa na Ucrânia, encontro consolo na opinião de pensadores que admiro, como Apolo LisboaYuval Noah Harari, que dizem que a opção correta é a defesa da paz e a condenação incondicional da guerra, seja ela iniciada por russos ou norte-americanos.

Apolo hoje defende o pacifismo, ainda que tenha pertencido à guerrilha urbana e lutado contra a ditadura militar. Concordamos que as armas podem até ganhar uma revolução, mas não são capazes de implantar o socialismo sem a mudança ideológica da maioria da sociedade. As pessoas precisam estar convencidas da necessidade de uma nova ordem social e econômica que substitua o capitalismo, para que ela seja permanente e sobreviva sem a necessidade de ditaduras populares. Por isso somos socialistas democráticos e pacifistas.

Harari defende, em seu mais recente artigo, que a defesa da paz não é uma perspectiva ingênua, mas a única alternativa capaz de salvar a sociedade humana de um colapso diante dos desafios coletivos do aquecimento global, das pandemias, da inteligência artificial militarizada e das terríveis desigualdades econômicas. Por isso, ser pacifista é a ÚNICA alternativa para a humanidade.

Compreendo a dificuldade de amigas e amigos para permanecerem fora da bipolaridade maniqueísta neste sangrento início de uma nova Guerra Fria, pois parece estarmos escolhendo ser o famoso caranguejo entre a pedra e o mar. Mas é bom lembrar que aquele crustáceo é uma forma complexa de vida, uma organização da matéria muito mais evoluída do que o mar e a pedra. Por menor que seja o ser vivo, ele transforma profundamente a matéria inerte, como as pequenas cianobactérias fizeram com o planeta Terra. Quem sabe seremos os caranguejos pacifistas que irão indicar o melhor caminho evolutivo para a humanidade?

Há aqueles que acusam os norte-americanos capitalistas de terem cometido crimes semelhantes, no Vietnam ou no Iraque, assim como os que lembram o contrário, como o terrível Holodomor provocado pelos stalinistas russos na própria Ucrânia. Não importa: mil erros cometidos nunca irão justificar mais um.

Por isso, só temos uma saída: defender a tendência pacifista que vinha acontecendo aos poucos nos últimos setenta anos, cortando cada vez mais os gastos militares e não cedendo ao discurso do ódio nem à exaltação à guerra.

A “purificação” da sociedade humana por meio da guerra não pode ser um comportamento tolerável por quem deseja ser humanista, socialista ou de esquerda, pois o uso de qualquer violência para a solução de conflitos é ideologia intrinsecamente pertencente aos fascistas.

Guerras, nunca mais!


PS: depois de escrever este post, vi o excelente vídeo da Rita von Hunt sobre o tema da guerra. Seu lema: Paz entre nós, guerra contra nossos senhores.



Comentários

Mais visitadas

PJ, o duro

Este livro é uma ousadia

A história em quadrinhos sobre a Amazônia