O elefante na sala (atualizado em maio de 23)

 


Desde que manifestei minha decisão política de não mais comer carnes (quaisquer), as reações têm variado desde o silêncio constrangido – Ih, outro vegano maluco?! - a comentários sobre saúde e alimentação ou preferências culinárias.

Repito, é uma escolha política e não se trata de uma questão de preferência alimentar, culinária ou de saúde pessoal: é uma decisão de me opor à devastação da vida, causada pelo sistema capitalista em curso.

Uma atitude que vem se somar às minhas escolhas em defesa da organização democrática da sociedade civil, na luta contra as desigualdades, contra a meritocracia, contra o racismo e contra o machismo. 

São atitudes insignificantes diante do tamanho dos nossos problemas, mas são comportamentos que posso fazer agora, movido pelo pânico que Greta Thunberg nos alerta.

No entanto, parece que quase ninguém quer falar sobre as relações entre desmatamento (e queimadas) na Amazônia – incluindo aqui seus efeitos sobre a crise climática e expulsão dos povos-floresta – e a criação de bois e plantações de soja para alimentar frangos e porcos.

Achei que esse silêncio mesmo entre companheiros de esquerda poderia ser apenas comigo, mas o documentário COWSPIRACY (ver link abaixo) mostrou-me que não estou sozinho. Descobri que em todo o mundo falar contra o consumo de carne incomoda muita gente - inclusive de esquerda e organizações ecológicas (ver aqui post do jornalista George Monbiot).

O documentário é fundamental para compreender por que precisamos dizer ao nosso querido presidente que não, o povo brasileiro não precisa comer picanha. 

Ao contrário, é preciso fazer com que aqueles que comem carne - os dez por cento - não possam mais desviar as terras, florestas e plantações de alimentos para criar boi, porcos e frangos, encarecendo e tirando a comida da boca dos noventa por cento dos seres humanos mais pobres.

Comer carne faz muito mal para quem não pode comer carne.

LOR


Veja também esta reportagem do site "OUTRAS PALAVRAS" sobre como a indústria da carne suborna cientistas para lançar dúvidas sobre o papel da pecuária no aquecimento global, como fazem as petrolíferas e fabricantes de cigarros. 





Comentários

  1. Vou tentar parar de consumir a carne de boi. Mas frango e porco pouco implicam no desmatamento, nao?

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