Lula leva esperança aos Yanomami

 



Neste final de semana, Lula e diversas autoridades de seu governo estiveram em Roraima, para tentar ajudar os Yanomami, que estão morrendo de fome e doenças, duas tragédias causadas por garimpeiros, madeireiros e grandes fazendeiros que invadiram suas terras.

Quem votou em Lula pode ter um pouco mais de esperança de que o Estado de Emergência, decretado agora em Roraima, venha salvar estas vidas humanas vulneráveis e criar condições para que a invasão das terras indígenas, o desmatamento e a destruição da Amazônia sejam revertidos.

São muitas as forças destrutivas contra os povos indígenas, incluindo a ausência de assistência médica 
nos últimos anos. Eles eram atendidos por médicas e médicos cubanos, no Programa Mais Médicos, mas o governo Bolsonaro, sob pressão direta do Conselho Federal de Medicina, mandou embora do Brasil milhares de médicas e médicos sem nunca ter suprido essa falta.

Além disso, os povos indígenas, como toda a população brasileira, são vítimas diretas do sucateamento do SUS promovido pelo chamado “teto dos gastos” implantado pelas políticas privatistas dos últimos anos. Não fosse a resistência heroica das trabalhadoras e trabalhadores do SUS, a situação seria ainda mais trágica.

As fotos abaixo, que foram feitas pelo Ministério da Saúde e pela Força Nacional de Saúde, coordenados pela Ministra da Saúde a socióloga Nísia Verônica Trindade Lima, mostram a gravidade da situação criada pelas políticas genocidas dos povos originários, implantadas pelos governos de Bolsonaro e de seu seguidor, o governador de Roraima Antônio Denarium (PP), reeleito.

No entanto, para compreender o horror do que vem acontecendo com as comunidades indígenas é preciso conhecer o relato publicado em 20/1/2023 pela jornalista Eliane Brum e sua equipe da SUMAUMA:" Não estamos conseguindo contar os corpos ”.

Dados revelados pela SUMAÚMA mostram que, durante o governo do extremista de direita Jair Bolsonaro, o número de mortes de crianças com menos de 5 anos - por causas evitáveis - aumentou 29% no território Yanomami: 570 pequenos indígenas morreram nos últimos 4 anos por doenças que podem ser tratadas.

A seguir algumas das fotos do atual Ministério da Saúde.




As crianças com quadro de desnutrição mais avançada mostram este aspecto de extrema magreza, só pele e osso, chamado pela medicina de “marasmo”. Numa fase anterior, elas são crianças agitadas, em busca desesperada de alimentos. Quando não conseguem superar a fome extrema, antes de morrer ficam nessa posição de cócoras, apenas respirando.




São retratos da fome aguda com duração de meses – e, como se vê no estado dos adultos, talvez por anos de abandono.

O desgoverno bolsonarista tentou evitar a divulgação de fotos como estas e os depoimentos de servidores da FUNAI, para evitar seu desgaste político. Ainda assim, tivemos reportagens já em 2021, no Fantástico e G1 mostrando a gravidade da situação.

Esta tragédia precisa ser divulgada no Brasil, especialmente entre aqueles que apoiaram, com seu voto em Bolsonaro, o genocídio dos povos originários. As políticas negacionistas levaram à morte, pela COVID-19, de dezenas de líderes indígenas mais velhos, interrompendo assim a transmissão de sua cultura para os mais jovens, como lembra Ailton Krenak.




É importante notar nas fotos o trabalho que está sendo realizado pelos servidores do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS).

Estas informações precisam circular no mundo, para denunciarmos os crimes da extrema direita.

Você pode ajudar de muitas formas, inclusive apoiando a organização jornalística SUMAUMA , que luta pelos povos originários e ribeirinhos da Amazônia.


22 de janeiro de 2023

Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia


Notas

1) As fotos acima circularam nas redes sociais sem a tarja nos olhos que impedem a identificação das pessoas doentes, como recomenda a ética médica. Lamentamos este fato, inclusive porque os Yanomami não gostam de ter sua imagem capturada por câmeras e somente consentiram nestas fotos porque a situação é desesperadora, como lembra a Eliane Brum.

2) Em 1979, LOR participou de uma publicação em defesa dos povos originários, chamada “Amazônia, até quando?” (clique aqui para ver a história completa) e este seu blog tem participado das denúncias sobre o massacre dos povos originários ( ver aqui  de onde foi tirada a charge acima, que ilustra este documento).

Comentários

  1. Parabéns mais uma vez, Lor, pelo belíssimo texto para uma notícia feia, muito feia. E mais: cruel. Bolsonaro e sua camarilha pagarão por isso!!!!

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  2. É constrangedor ver cenas tão tristes em nosso país. Temos o dever de ajudar.

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