A vida como ela pode ser
Apresento a seguir a primeira parte de uma conversa sobre a origem da vida entre um cientista do micro e outro do macrocosmo, com perguntas, palpites e ilustrações de um cartunista (e médico).
Em tempos de crise, como guerras e pandemias, é fundamental mantermos o olhar no horizonte para continuarmos caminhando. Pensar continua sendo fundamental, a despeito da epidemia de negacionismo que nos atingiu nos últimos anos. Por isso, fiz uma provocação dirigida a dois amigos, com visões muito distintas do mundo, sobre o que seria a vida, em si.
Um deles, é o médico e biólogo dedicado a estudar a origem molecular da vida, Romeu Cardoso Guimarães, e o outro é o astrofísico Ivo Busko, que trabalha com telescópios espaciais na NASA.
Apresentei a eles a pergunta esboçada num post anterior: se vida poderia ser um estado especial da matéria, que emergiria da complexidade resultante da interação de estruturas moleculares formadas pelas forças gravitacionais e atômicas.
Esta complexidade, surgida a partir das forças físicas específicas de determinado ambiente, permitiria temporariamente que os elementos constituintes formassem uma organização que resistiria à entropia e que poderia ser transmitida adiante. Ou seja, a vida seria um tipo de fluxo especial da energia ao longo do tempo.
O carbono, o nitrogênio e a água não são substâncias vivas, mas se forem organizados na forma de um aminoácido, por exemplo, podem se tornar parte da vida, se houver um ambiente adequado, como uma célula. Por sua vez, a célula somente pode existir em condições específicas de nutrientes, temperatura, pressão, umidade, radiação etc. Esta célula e seu ambiente interagem de tal forma que se modificam mutuamente e por isso este arranjo não pode durar infinitamente. Para a vida continuar existindo, aquele estado especial de organização da matéria precisa se renovar e nesta renovação está o fluxo da vida: a reprodução. Ou seja, descartar o que foi usado, envelhecido, esgotado ou degradado e recomeçar um novo arranjo entre a matéria e seu ambiente.
Assim, a vida em todos os seres vivos e seus ambientes, inclusive nós humanos, seria a reprodução deste estado especial da energia, ou seja, passar adiante o bastão da resistência à entropia. Cada espécie evoluiu a partir de maneiras próprias de realizar este desígnio geral. Algumas se duplicam, outras fazem sexo e criam sociedades complexas como a nossa, mas todas as formas de vida atendem ao princípio fundamental de manter acesa esta chama da vida.
Sabendo que a totalidade de matéria + energia do universo tende a decair para um estado de maior entropia, a vida seria um estado de resistência temporária ao aumento da entropia? Semelhante a uma pessoa numa escada rolante que tenta se manter na posição correndo no sentido contrário ao movimento da escada?
Acompanhe a partir de amanhã a conversa interessante que estabelecemos, Romeu e Ivo respondendo, enquanto eu aprendia com eles.
(Um link para o texto completo está disponível AQUI )
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