O sumiço do xamã


Comecei a ler “O sumiço do xamã” porque conheci seu autor ainda menino, o Estevão Senra, filho de amigos meus, João e Pita, companheiros de lutas em defesa do meio ambiente desde a década de setenta. À medida que lia, fui encontrando um escritor maduro, com um olhar e uma linguagem originais sobre os povos da Amazônia. 

O livro pode ser encontrado na www.editoraramalhete.com.br

Ao final da coletânea de contos escritos com humor aguçado para nossa humanidade e olhar crítico para nossas desumanidades, percebi que jamais me esquecerei dos personagens que Estevão nos apresenta: o xamã desaparecido, o índio que trocou sua filha por uma espingarda, a namorada que veio de outra aldeia, o barco misterioso que flutua pelo rio sem encontrar um porto e tantos outros.

O livro do Estevão irá para um lugar especial em minha estante: entre o seu amigo yanomami Davi Kopenawa (A queda do céu) e o polêmico Napoleon Chagnon (Nobres selvagens - minha vida entre duas tribos perigosas: os ianomâmis e os antropólogos). Estevão estará guardado entre estas duas visões de mundo antagônicas sobre os povos indígenas, como já comentei anteriormente ( VER AQUI ).

Apesar d’O sumiço do xamã contar com um décimo de páginas dos dois extensos livros de Kopenawa e Chagnon, a obra inicial do Estevão passou a ocupar um grande espaço em meu coração, pois com sua delicadeza e fantasia ele me fez sentir no meio dos povos indígenas.

Estevão é, quem sabe, um Orinoco literário, iniciando sua trajetória discreta numa nascente ao pé de uma das aldeias, que ele tão bem descreve nas proximidades da fronteira com a Venezuela, agora em direção ao mar.





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