A necessidade especial de ler Nirlando Beirão
Com o álibi de revelar uma intrigante história familiar, o amor entre seus avós, proibido pelos costumes religiosos do começo do século passado, Nirlando Beirão em seu livro “Meus começos e meu fim”[1] permite acompanharmos o seu enfrentamento da doença degenerativa que o vem incapacitando progressivamente.
Em meio à sua procura por respostas no passado familiar, encontramos fragmentos da memória de sua infância em Belo Horizonte e uma antropologia bem-humorada da comunidade formada pelos emigrantes portugueses, da qual sua família faz parte, além de aguçada descrição da geografia e dos hábitos familiares mineiros. Apesar de prometer a si mesmo evitar escrever sobre política neste livro, Nirlando revela seu senso crítico experiente e cosmopolita diante do desarranjo mundial contemporâneo dos sonhos democráticos e iluministas.
O irmão de Nirlando é o Paulo Beirão, meu amigo e colega de turma, e tenho um irmão jornalista, Ernesto Rodrigues, que também saiu de Minas para trabalhar e ambos se tornaram grandes jornalistas brasileiros. Portanto, é inevitável que estas semelhanças familiares produzam em mim um afeto especial pelas memórias do Nirlando.
Para além destas motivações afetivas, o texto do Nirlando é muito bem escrito e traz um olhar investigativo tanto sobre o passado sigiloso de seus avós, quanto sobre como é o processo de alguém se transformar, em pouco tempo, de uma pessoa hígida para uma pessoa progressivamente limitada fisicamente pela esclerose lateral amiotrófica. Ele não desiste da sua vocação jornalística ao relatar, sem auto piedade, cada etapa do seu sofrimento, deixando um testemunho fundamental sobre sua doença rara e desafiadora para a ciência médica.
Por outro lado, sua revelação da história de seus avós é feita num tom carinhosamente compreensivo e se torna um libelo contra os preconceitos de toda ordem contra todas as formas de amor.
Como escreveu Drauzio Varela sobre “Meus começos e meu fim”: é uma reflexão profunda sobre o significado e a fragilidade da existência humana.
O esforço heroico de Nirlando para escrever e publicar seu livro traz em si a esperança de todo escritor: que ele será lido no futuro, que seus pensamentos serão parte da memória coletiva, o que é uma forma de sobreviver à doença e à morte.
Em meio à sua procura por respostas no passado familiar, encontramos fragmentos da memória de sua infância em Belo Horizonte e uma antropologia bem-humorada da comunidade formada pelos emigrantes portugueses, da qual sua família faz parte, além de aguçada descrição da geografia e dos hábitos familiares mineiros. Apesar de prometer a si mesmo evitar escrever sobre política neste livro, Nirlando revela seu senso crítico experiente e cosmopolita diante do desarranjo mundial contemporâneo dos sonhos democráticos e iluministas.
O irmão de Nirlando é o Paulo Beirão, meu amigo e colega de turma, e tenho um irmão jornalista, Ernesto Rodrigues, que também saiu de Minas para trabalhar e ambos se tornaram grandes jornalistas brasileiros. Portanto, é inevitável que estas semelhanças familiares produzam em mim um afeto especial pelas memórias do Nirlando.
Para além destas motivações afetivas, o texto do Nirlando é muito bem escrito e traz um olhar investigativo tanto sobre o passado sigiloso de seus avós, quanto sobre como é o processo de alguém se transformar, em pouco tempo, de uma pessoa hígida para uma pessoa progressivamente limitada fisicamente pela esclerose lateral amiotrófica. Ele não desiste da sua vocação jornalística ao relatar, sem auto piedade, cada etapa do seu sofrimento, deixando um testemunho fundamental sobre sua doença rara e desafiadora para a ciência médica.
Por outro lado, sua revelação da história de seus avós é feita num tom carinhosamente compreensivo e se torna um libelo contra os preconceitos de toda ordem contra todas as formas de amor.
Como escreveu Drauzio Varela sobre “Meus começos e meu fim”: é uma reflexão profunda sobre o significado e a fragilidade da existência humana.
O esforço heroico de Nirlando para escrever e publicar seu livro traz em si a esperança de todo escritor: que ele será lido no futuro, que seus pensamentos serão parte da memória coletiva, o que é uma forma de sobreviver à doença e à morte.
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