Onde está o Álvaro?
São dez figuras interessantíssimas, reunidas num estilo entre o documentário e a ficção, que garante uma leitura envolvente e repleta de informações históricas cuidadosamente recolhidas pelo Álvaro. Não se consegue parar de ler cada capítulo, à espera do desenlace da história humana de cada personagem, ainda que saibamos o final da História.
Conhecendo o autor e sua trajetória jornalística e política, obtive uma satisfação extra na leitura, pois fiquei tentando descobrir em cada história: onde estaria o Álvaro? Certamente podemos identificar o militante, o jornalista, o brasileiro apaixonado pelo nosso país, o democrata visceral em cada capítulo. Quem descobrir os dez Álvaros, ganha um doce caseiro fabricado nas terras indígenas dos Puris¸ entre o Espírito Santo e Rio de Janeiro, origem profunda do corpo e alma do Álvaro.
Para concorrer ao doce, basta comprar um exemplar - e descobrir onde está o Álvaro em cada capítulo, - enviando um e-mail para: incognitoscontos@gmail.com ou diretamente nas livrarias Jenipapo (Belo Horizonte) e Folha Seca (Rio).
Os dois outros livros do Álvaro são ótimos e podem ser comprados da mesma forma: “Agora que morri” e “Homens a cavalo”.
Dar de si Ribeiro
Já que estou falando de militantes, indígenas e revolucionários, recebi um exemplar do álbum de caricaturas do Darcy Ribeiro, organizado por outro grande amigo, o cartunista JAL.
Tenho a satisfação de ter contribuído para o livro com a caricatura do Darcy que fiz em 1995.
Darcy Ribeiro impressionou-me profundamente desde menino, quando minha primeira informação sobre ele era de que se tratava de um comunista perverso que queria destruir a família brasileira. A primeira caricatura do Darcy, portanto, foi-me ensinada na década de sessenta pela Igreja Católica, esta mesma do Papa Francisco.
Depois, já convertido para a oposição à ditadura militar, redescobri o Darcy como herói brasileiro no exílio, justamente por ter tentado dar uma família para TODOS os brasileiros.
Na década de 80, li seu livro KADIWEU, sobre o estudo antropológico que ele realizou entre os Guaicuru, que me impactou tanto que criei um personagem de quadrinhos baseado na sua descrição do deus Kadiweu Gu-Ê-Krig (ver aqui coleção de tiras de 2015).
Aí, ele começou a apoiar o Brizola, e passei a vê-lo como um populista estagnado no tempo. Parei de ler suas coisas.
Em 1995, dois anos antes dele morrer, vi uma entrevista sua e me encantei de novo com aquela pessoa apaixonada e apaixonante, o primeiro brasileiro nato que conheci. Foi então que fiz sua caricatura (acima), que foi publicada em algum jornal que não localizo mais.
O tempo passou mais um bocado e na década passada Domenico de Masi, com seu “O Futuro Chegou”, despertou novamente meu interesse pelo Darcy e resolvi ler seu “O Povo Brasileiro”.
Continuo redescobrindo o Brasil pelas mãos de Darcy Ribeiro, o inesquecível que não nos deixa nos esquecermos.
Lor
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