Onde está o Álvaro?

 


Imagine estar presente na sala em que Xi Jinping e Vladimir Putin decidem os próximos passos na invasão da Ucrânia e, por algum motivo fortuito, você acaba se tornando uma peça fundamental no destino da humanidade. Você teria tudo para se tornar um dos personagens que o jornalista (e amigo) Álvaro Nascimento reuniu no seu último livro “Incógnitos”.


São dez figuras interessantíssimas, reunidas num estilo entre o documentário e a ficção, que garante uma leitura envolvente e repleta de informações históricas cuidadosamente recolhidas pelo Álvaro. Não se consegue parar de ler cada capítulo, à espera do desenlace da história humana de cada personagem, ainda que saibamos o final da História.

Conhecendo o autor e sua trajetória jornalística e política, obtive uma satisfação extra na leitura, pois fiquei tentando descobrir em cada história: onde estaria o Álvaro? Certamente podemos identificar o militante, o jornalista, o brasileiro apaixonado pelo nosso país, o democrata visceral em cada capítulo. Quem descobrir os dez Álvaros, ganha um doce caseiro fabricado nas terras indígenas dos Puris¸ entre o Espírito Santo e Rio de Janeiro, origem profunda do corpo e alma do Álvaro.

Para concorrer ao doce, basta comprar um exemplar - e descobrir onde está o Álvaro em cada capítulo, - enviando um e-mail para: incognitoscontos@gmail.com ou diretamente nas livrarias Jenipapo (Belo Horizonte) e Folha Seca (Rio).

Os dois outros livros do Álvaro são ótimos e podem ser comprados da mesma forma: “Agora que morri” e “Homens a cavalo”.







Dar de si Ribeiro


Já que estou falando de militantes, indígenas e revolucionários, recebi um exemplar do álbum de caricaturas do Darcy Ribeiro, organizado por outro grande amigo, o cartunista JAL.

Tenho a satisfação de ter contribuído para o livro com a caricatura do Darcy que fiz em 1995.





Darcy Ribeiro impressionou-me profundamente desde menino, quando minha primeira informação sobre ele era de que se tratava de um comunista perverso que queria destruir a família brasileira. A primeira caricatura do Darcy, portanto, foi-me ensinada na década de sessenta pela Igreja Católica, esta mesma do Papa Francisco.

Depois, já convertido para a oposição à ditadura militar, redescobri o Darcy como herói brasileiro no exílio, justamente por ter tentado dar uma família para TODOS os brasileiros.

Na década de 80, li seu livro KADIWEU, sobre o estudo antropológico que ele realizou entre os Guaicuru, que me impactou tanto que criei um personagem de quadrinhos baseado na sua descrição do deus Kadiweu Gu-Ê-Krig (ver aqui coleção de tiras de 2015).

Aí, ele começou a apoiar o Brizola, e passei a vê-lo como um populista estagnado no tempo. Parei de ler suas coisas.

Em 1995, dois anos antes dele morrer, vi uma entrevista sua e me encantei de novo com aquela pessoa apaixonada e apaixonante, o primeiro brasileiro nato que conheci. Foi então que fiz sua caricatura (acima), que foi publicada em algum jornal que não localizo mais.

O tempo passou mais um bocado e na década passada Domenico de Masi, com seu “O Futuro Chegou”, despertou novamente meu interesse pelo Darcy e resolvi ler seu “O Povo Brasileiro”.

Continuo redescobrindo o Brasil pelas mãos de Darcy Ribeiro, o inesquecível que não nos deixa nos esquecermos.

Lor

















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