Não o empurrei! Tenho certeza. Ele escorregou, perdeu o equilíbrio, sei lá, o máximo que fiz foi assustá-lo um pouco, talvez, quando entrei na sua frente com o Sadam no colo e o velho arregalou os olhos, levou as mãos ao rosto, o Sadam começou a latir e ouvi um ruído forte e depois o homem ficou esparramado no meio da rua ao ser atingido pelo carro, que parou um pouco adiante e do qual saíram umas pessoas gritando. Afastei-me rapidamente e entrei no meu prédio sem olhar para trás, como se não tivesse visto nada. Não tive culpa, não gosto daquele velho, mas não fiz nada de errado. Coloquei Sadam na área de serviço e abri uma fresta na cortina da sala que dá para a rua, onde um aglomerado de pessoas circundava o velho caído, algumas no celular, outras agachadas perto dele, e eu só via uma de suas pernas e o tênis azul e amarelo. Uma ambulância chegou e dela saíram os paramédicos que correram até o homem caído pedindo para que todos se afastassem. Em movimentos rápidos colocaram o velho...