Bastidores de um desenho: a segunda decepção com o PT (em 1994)
Em 1994, publiquei
as duas charges acima no Diário Popular (SP) ao saber que o financiamento de
campanha do PT havia sido em grande parte feito pelos empreiteiros, os mesmos
que haviam financiado a coligação do PSDB que elegera Fernando Henrique
Cardoso, variando apenas a quantidade de dinheiro injetado em cada campanha.
Para mim,
isto era uma negação dos princípios da fundação do Partido dos Trabalhadores, para
a qual eu fora militante e um dos assinantes da Ata de Fundação em SP e em MG
em 1980. No meu sonho, o partido seria financiado apenas com os recursos dos
militantes, dos trabalhadores e seus sindicatos e associações, mas jamais dos
patrões, empreiteiros e banqueiros.
Curiosamente,
hoje, a operação Lava-Jato denuncia os crimes envolvidos nestas ligações
perigosas (com a Odebrecht inclusive).
Apesar de
naquela época eu já não ser mais filiado ao partido desde 1982 (por causa do
autoritarismo interno massacrante realizado pelo grupo liderado por Lula e José
Dirceu), desenhei outra charge (abaixo) para extravasar meu sentimento,
sentindo-me como os pais da geração de 1968.
Depois de pronto,
no entanto, decidi não publicar o desenho, pois há nele algo que resvala numa
crítica à prostituição, pois expulsar de casa a menina grávida (e pobre) é condená-la
a se prostituir, na maioria dos casos. Assim, a charge continha certa condenação
moral implícita à prostituição, cuja existência eu atribuo à escravidão dos
mais pobres aos mais ricos e não a questões de moral ou caráter.
Hoje, com estas
devidas ressalvas (repito: não estou criticando moralmente a prostituição),
podemos dizer que a menina petista foi viver com o seu empreiteiro até que a
dificuldade econômica os separou.
PS: Sinto um grande desconforto, também, por ter usado na primeira charge acima, a mão com quatro dedos sob a pilha de dinheiro, para identificar o Lula.
Jamais imaginaria que esta imagem seria usada por tantos, do tipo Ronaldo Caiado, de forma ofensiva, elitista e preconceituosa.
Comentários
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário que será enviado para o LOR.