Bastidores de um desenho: alguém já deve ter feito.

Ontem postei o cartum que fiz sobre a burca usada por mulheres muçulmanas, mas fiquei incomodado com a ideia de que era uma ideia óbvia o bastante para já ter sido desenhada por outro cartunista. 

Aliás, ultimamente, ando com esta sensação de que alguém já deve ter feito os cartuns que tenho criado. Deve ser o efeito combinado da minha idade - os incontáveis cartuns que já pude ver ao longo da vida, - com a internet, onde se encontra de tudo.

Além disso, eu queria expressar uma ideia desenvolvida pela Thalma há vários anos de que o hábito das freiras é nada menos do que uma burca adaptada pelos católicos, e para isso coloquei o título da postagem de “O hábito faz a burca?". 

Neste mesmo rumo, em 1976 (Uau! 40 anos e continuo com as mesmas ideias: não mudei eu ou não mudou o mundo?), fiz um cartum sobre a surpresa de uma freira, ao passar diante de uma casa noturna onde se anuncia o corpo nu de uma mulher: - Então, somos assim por dentro? - pergunta ela à Madre Superiora.

O cartum foi publicado na página do Humordaz semanal que mantínhamos no jornal Estado de Minas. Infelizmente, não encontrei o desenho em meus arquivos.





Pois então, fui na internet atrás de cartuns sobre burcas e hábitos e numa busca rápida encontrei, de fato, a mesma ideia que eu criara ontem e outras semelhantes, apontando para o aprisionamento da mulher dentro das burcas (abaixo, algumas delas, realizadas pelos (as) cartunistas Daing, Uber e Arlin).

O único detalhe diferente no meu cartum seria o símbolo masculino no cadeado da burca (nem sei se alguém prestou atenção nisso).

 
   





















Por outro lado, os cartuns que encontrei sobre o hábito das freiras apontam geralmente para ideias de safadeza, sexualidade e erotismo oculto, especialmente na linha sadomasoquista. 

Nenhum parece salientar sua roupa (o hábito em seus diferentes estilos) como uma prisão feminina. 


Talvez, pelo fato da maioria dos cartuns serem criados por pessoas da nossa cultura ocidental católica, a gente não perceba o mesmo significado de submissão feminina que existe na burca muçulmana e no hábito católico.

Infelizmente, a foto e o desenho não têm autoria identificável.

  

















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