O cartunista e o médico





























Ontem postei minha charge de 1993 sobre as chacinas cometidas por policiais militares e a defesa da liberdade de expressão que a reitora da UFMG, Vanessa Guimarães, fez naquela época. Em 2015, vinte e dois anos depois da corajosa defesa da reitora, ao enviar esta charge para o Jornal da Associação Médica de Minas Gerais, trabalho que vinha realizando de forma ininterrupta há 12 anos, fui informado por telefone pelo presidente da AMMG que não a publicaria porque ela contrariava a orientação atual da diretoria sobre o tema da gestão médica.
Lembrei que nas gestões anteriores da AMMG eu fora convidado a ocupar um espaço editorial com minhas charges sobre temas relacionados à medicina e à saúde, quando me foi assegurada a liberdade de opinião, inclusive com a observação explícita nos créditos do jornal de que minhas charges não refletiriam obrigatoriamente a opinião da diretoria da AMMG ou do Jornal da AMMG.
Por mais de uma década, eu vinha trabalhando no Jornal da AMMG da seguinte forma: sempre que apresentava uma charge que pudesse conter alguma inverdade (ou má compreensão) conversávamos antes e eu fazia os ajustes necessários, com os quais eu concordasse, é claro, para que minha opinião não fosse ofensiva ou incorreta aos meus colegas médicos.
No entanto, nesta charge em questão, sobre o tema da gestão médica, argumentei que minha visão do problema não era ofensiva ou incorreta, uma vez que o personagem médico analisa duas opções, o recurso financeiro e o imaginado custo do tratamento médico, numa simples análise de relação custo/benefício, sem descartar uma delas, como seria o caso se, por exemplo, ele jogasse a radiografia no lixo.
Assim, insisti com a equipe de jornalismo que esta charge seria quase uma ilustração e relativamente pouco crítica. Apesar desta argumentação, o presidente me informou que ela iria contra a atual orientação da diretoria, que pretende melhorar a imagem dos médicos, transmitindo uma imagem mais positiva.

Diante disso, considerei que não havia mais espaço no jornal da AMMG para minha charge e encerrei o trabalho como cartunista. O médico, que também sou, concorda com o cartunista.

Veja no link abaixo a matéria publicada no próprio Jornal da AMMG
Lor despede-se do JAAMG

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