Cartunista de 66 anos se comunica com crianças de 9?


Hoje estive na Escola Maple Bear de Belo Horizonte para falar de cartuns e quadrinhos a pedido do professor de arte e colega cartunista André. Conversei com um grupo interessado de crianças em torno dos nove anos de idade, entre elas minha neta Alice, sobre tirinhas, quadrinhos, charge, cartum e caricatura, como me pediram.

Primeiro, mostrei às crianças alguns quadrinhos, seis tirinhas do personagem Telinho, selecionadas ontem entre cerca de 700 publicadas na década de oitenta no jornal O Globo do Rio de Janeiro.  Aparentemente, as crianças entenderam e acharam engraçadas as tiras que reproduzo abaixo, mas elas não interpretaram as tiras como crítica, mas simplesmente como engraçadas, reforçando minha impressão de que há uma distância entre a intenção do cartunista e a percepção do espectador de outra geração.


Depois mostrei a charge abaixo, sobre o desabamento de um viaduto em Belo Horizonte. Embora as crianças tenham compreendido que o viaduto desabou sobre um caro e se lembraram do acontecimento real, os significados das palavras fiscalização e iniciativa privada pareceram-me estarem muito longe de sua compreensão de tal forma que elas pudessem dar um sentido à crítica intencionada na charge.


Em seguida, mostrei o cartum abaixo, e a maioria das crianças compreendeu que havia uma ilusão de ótica inicial, pensaram se tratar de uma cirurgia, mas quando perceberam os lápis de cor, acharam muito interessante (engraçado). No entanto, não reconheceram a pena de desenhar no lugar do bisturi, perguntando-me o que era aquela pinça na mão do médico.





























Finalmente, mostrei a charge com caricaturas associadas e a maioria reconheceu a presidente Dilma, mas ninguém sabia que o outro caricaturado era o presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha. Depois de identificados os personagens, as crianças compreenderam que ambos pretendiam fazer alguma maldade com aquele trabalhador.

Depois de muitas perguntas e conversas, tiramos uma bela foto juntos. Esta experiência reforçou-me a percepção de que há uma defasagem histórica natural entre os símbolos de uma geração e outras. Somos seres históricos, sem dúvida.




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