Hoje, não.
Hoje, preciso deixar de lado as guerras, tantas,
feitas a paus, pedras e tacapes nucleares,
acontecendo num tempo que, imaginávamos,
seria agora nosso futuro de paz.
Hoje, não pensarei nas pandemias
de vírus, de obesidade infantil, de mentiras eletrônicas,
e esquecerei temporariamente o mundo se aquecendo
por causa de corações congelados pelo lucro.
Hoje, fecharei meus olhos por uns momentos
para minhas queridas crianças solitárias
em celulares, autismos e baixa autoestima,
e taparei os ouvidos para o barulho dos motoqueiros
entregando a alma em domicílios.
Hoje, apesar de todas as necessidades do cosmos,
contra todas as orientações
do waze, das waves, das vibes e dos astros,
cuidarei dos meus ossos.
Antes que eles não suportem mais o peso do pincel
que tenho usado por meio século para pichar muros e telas
com a mesma mensagem alienígena:
outros mundos são possíveis.
OBS: este foi meu primeiro falso poema parcialmente ditado para o computador por incapacidade temporária (espero) de usar a mão para digitar. Quem sabe, no próximo, com o avanço da decrepitude, usarei inteligência artificial?
É isso aí! Muito bom!!!
ResponderExcluirLindo texto, Dom Lor! O que aconteceu com essa essa mão que tanto domava os remos? Abraço.
ResponderExcluirBonito, Lor.
ResponderExcluirGostei demais!
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