Por Eduardo Gontijo Nenhum acontecimento recente expôs com tanta dramaticidade o abismo ético e moral da nossa época quanto as imagens de Gaza, transmitidas pelas redes sociais e pelos noticiários de TV: crianças com rostos e membros mutilados, mulheres implorando por água e por uma porção de comida, idosos tateando entre os escombros de moradias à procura de restos de familiares. A dor palestina, exibida em milhões de telas, parece ter reacendido – através de incontáveis manifestações em várias partes do mundo – aquilo que deve ser o núcleo ético e político mais antigo do homo sapiens — a compaixão – sem a qual nenhuma comunidade humana pode sobreviver. “O rosto do outro me obriga”, escreveu Emmanuel Levinas – o maior filósofo judeu depois de Martin Buber – em sua obra Totalidade e Infinito. Para Levinas, não há nenhuma mediação ideológica nesse gesto ético inaugural, primordial. Antes de qualquer cálculo político ou racional, o rosto e olhar do outro nos convocam – pelo m...
Há muitos anos ouvi o Millôr [1] dizer que “o ser humano é inviável”. Desde então esta frase de um dos meus ídolos intelectuais tem me intrigado, porque nunca tive certeza se ele estava fazendo uma brincadeira despretensiosa ou se sua afirmativa era resultado de longa experiência de vida e cultura, alguma verdade filosófica embalada pelo seu excelente humor. Tentei em vão decifrar se Millôr se referia ao ser humano enquanto espécie animal ou aquele ser idealizado nos sonhos humanistas ou a ambos. Ao mesmo tempo, esta frase do Millôr me desafiava a concordar ou não com ela, obrigando-me a tentar conciliar numa única resposta as minhas múltiplas e antagônicas personalidades: o médico, o ativista político, o cientista e o cartunista. De um lado, como médico, tenho sido otimista por causa do desenvolvimento da ciência no conhecimento da natureza, que pode levar à cura das doenças e à diminuição do sofrimento humano. Também imbuído de esperança tem sido o meu posicionamento político ...
Como prometi num blog anterior, apresento esta história em quadrinhos, que fez parte de uma revista destinada à Educação Ambiental, publicada em Belo Horizonte, em 1979 , pela Editora Vega. O tema e o roteiro foram desenvolvidos por mim, com a colaboração dos cientistas Marília Vieira e Hamilton Prado Bueno. A seguir encontra-se a cópia digitalizada do meu único exemplar disponível, cuja conservação está bastante precária, em virtude do papel de baixa qualidade, que se tornou amarelado pelo tempo. Na cartilha, foram publicadas também outras histórias dos cartunistas Melado, Wagner e Augusto (Filó), aos quais convido para reproduzirem as suas páginas aqui, se o desejarem. A primeira edição foi de 5 mil exemplares adquiridos e distribuídos por entidades de defesa do meio ambiente, por sindicatos de trabalhadores e associações de bairro, tendo sido traduzida em algum lugar, se não me falha a memória. 40 anos depois, v ale a pena conferir as infor...
viva Lor! me lembrou o conto João Felizardo dos irmão Grim..
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