Por que não queremos o CRM na gestão do SUS de BH?
Você lembra que a política do governo Bolsonaro na condução da pandemia de COVID-19 aumentou as mortes por COVID-19, a quantidade de gente doente e com sequelas e por isso foi indiciada na CPI e aguarda julgamento na Justiça?
Você lembra que o Conselho Federal de Medicina e a maioria dos Conselhos Regionais de Medicina (CRM), inclusive o de Minas Gerais, apoiaram essa política criminosa do governo Bolsonaro?
Sabe como? Os CRM fizeram o que Bolsonaro mandou e não seguiram as recomendações científicas internacionais para proteger a população, mesmo depois dos pedidos dos profissionais da saúde, parlamentares, entidades da sociedade científica e movimentos sociais.
Agora, o CRM de Minas quer tomar conta do SUS de BH. Mas os CRMs nunca defenderam o SUS:
Porque jamais foram contra a Emenda Constitucional 95, que retirou dinheiro da Saúde e está desmontando o SUS.
Porque querem privatizar a assistência à população, unindo-se a empresas que tratam a saúde como mercadoria.
Porque defendem práticas de saúde ultrapassadas e recusam as políticas do SUS, como as reformas sanitária e psiquiátrica, a estratégia de saúde da família, o programa nacional de DST/AIDS e hepatites virais, a política de saúde mental e a política de saúde sexual e reprodutiva.
Porque tentaram acabar com a Rede de Atenção Psicossocial e os avanços na política de saúde mental, ameaçando os médicos e ignorando o controle social do SUS. Ainda não conseguiram muita coisa por causa da forte reação dos trabalhadores, usuários e movimentos sociais.
Porque fingem não ver as más práticas médicas e desrespeito aos direitos humanos nas chamadas Comunidades Terapêuticas, clínicas privadas que dizem tratar problemas de drogas e alcoolismo com privação de liberdade das pessoas doentes.
Porque são contra o modelo obstétrico do SUS e o movimento pela humanização do parto e do nascimento de diversas formas:
# São contra a autonomia da mulher e recusam as bases científicas modernas na assistência ao parto.
# Perseguem equipes, como do Hospital Sofia Feldman, hospital de referência no Brasil e no mundo, com processos e cassações de médicos, como o Dr. Ivo Lopes, um líder nacional do movimento.
# Proíbem o uso do Plano de Parto que ajuda as mulheres nas suas escolhas.
# Proíbem a retaguarda do médico na assistência ao parto domiciliar, apesar de ser recomendada pela ANVISA e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
# São contra os Centros de Parto Normal, contra a Maternidade Leonina Leonor, e contra as doulas.
# Defendem a proibição pelo Ministério da Saúde do termo “Violência Obstétrica”, negando sua existência e invertendo o problema: as vítimas passam a ser os médicos e não as mulheres que sofrem a violência.
# Além disso, mesmo sem base científica, os CRM querem impedir que enfermeiras e enfermeiros realizem exames, prescrições e procedimentos protocolares, uma prática recomendada pela OMS, que já funciona bem em 152 Centros de Saúde de BH ampliando o acesso da população e a eficiência do SUS.
Portanto, não se trata de oposição à pessoa da médica Cláudia Navarro. Nosso repúdio ao seu nome como Secretária de Saúde de Belo Horizonte é porque ela participou ativamente da diretoria do Conselho Regional de Medicina nos últimos 14 anos, tendo sido presidente e vice-presidente. Logo, ela é o símbolo da política do CRM que vai contra o que desejamos para o SUS.
Não podemos entregar a gestão do SUS aos interesses do CRM e seus beneficiários. O SUS é uma rede ampla construída ao longo dos últimos 30 anos de forma democrática e voltada para a saúde coletiva.
Por isso, chamamos trabalhadoras e trabalhadores da saúde, usuárias e usuários do SUS, entidades da sociedade civil, movimentos sociais e parlamentares para que se unam à nossa luta em defesa da rede SUS.
O SUS é de todos nós
Saúde não é mercadoria
CRM no SUS de BH, NÃO!
Assinado pela Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia
É isso mesmo, vamos juntos lutar pelo SUS para todos, sem a política da destruição da nossa tão importante instituição pública.
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