200 mil (pintura de Sérgio Campos)
É impossível descrever
o sofrimento de duzentas mil pessoas
morrendo
sem conseguir respirar
por descaso,
racismo ou genocídio.
Nem duzentas mil palavras
seriam capazes de compreender
o luto de cada uma das famílias
que ficaram mutiladas
para sempre.
Neste silêncio diante do absurdo,
os corpos flagrados em queda permanente
(pelo artista Sérgio Campos)
são a imagem instantânea
do nosso abandono e fim.
Eles descrevem
em minha mente atônita,
incapaz de abranger
a dor dos grandes números,
a espiral descendente
dos milhares de corpos
em direção às covas rasas do esquecimento.
Será possível
interromper essa queda
com o grito de duzentas mil vozes
ainda vivas,
para afastarmos os algozes,
seu cuspe virulento,
seu ódio desumano
e suas mãos assassinas?
O possível amanhece a cada dia.
Lor
11/1/21
Nem 200 mil palmas seriam suficientes para aplaudir a verdade fria de suas palavras!
ResponderExcluir