Desculpe-me, Lula.

Ontem publiquei uma charge e um texto sobre a resistência de Lula em assinar um dos manifestos contra o fascismo crescente dos bolsonaristas (VER AQUI ). 

Apesar do meu post deixar a questão em aberto, era evidente que minha percepção de que não se juntar à frente pela democracia seria uma atitude estúpida por parte de uma das maiores lideranças políticas do país.

Alguns amigos responderam que assinariam manifestos antifascistas, mas deram-me algumas sugestões: os cartunistas Aroeira e Chico Marinho e o médico Unaí Tupinambás indicaram-me o texto do Roberto Requião (VER AQUI) e Unaí enviou-me o vídeo completo da reunião do PT, na qual o Lula fez as tais declarações (ver abaixo).

Tanto Lula quanto Requião argumentam que acordos políticos muito amplos, sem uma pauta definida, podem ocultar manobras cuja única finalidade seria manter as coisas como elas estão, apenas mudando a sua aparência. No presente caso, o manifesto reunindo as assinaturas de pessoas das mais variadas posições políticas acaba se tornando tão amplo que, no máximo, estaremos todos contra Jair Bolsonaro e sua milícia fascista, o que não é pouco, é claro.

No entanto, apesar de serem contra Bolsonaro, Lula e Requião pedem uma pauta bem definida para não corrermos o risco de apenas tentarmos reeducar o boca suja, mantendo sua política desastrosa para o país.

Lula mostra que é profundamente contra Bolsonaro, mas também que é preciso haver um programa de reconstrução de todas as conquistas sociais que foram destruídas a partir do golpe contra a presidenta Dilma Roussef. 

Lula propõe uma pauta para recuperar os direitos dos trabalhadores, o investimento público, a defesa do meio ambiente, a valorização da educação e das universidades e o patrimônio público privatizado.

Lula diz que há pessoas bem intencionadas entre as assinaturas, mas suspeita que uma parte dos apoiadores do manifesto quer apenas a neutralização de Bolsonaro e não a mudança de sua política econômica desumana e elitista.

Por isso, Lula pede que o PT tenha cuidado antes de assinar tais manifestos, que procure saber melhor o que seus autores pretendem e que, para participar, o partido leve uma pauta concreta em defesa da maioria dos brasileiros e não da elite angustiada com os maus modos do presidente que ela ajudou a eleger.

Nada mais sensato, altruísta e inteligente.

Por isso, venho pedir desculpa ao Lula pela minha leitura apressada e preconceituosa (fruto de meus ranços antigos desde a década de oitenta) sobre a sua fala.

Obrigado, Aroeira, Chico e Unaí. Sim, vamos em frentes, mas com pautas definidas.



Veja aqui a fala completa do Lula