A ciência é anarquista?


Não deve espantar que Bolsonaros, Trumps e seus seguidores odeiem as ideias científicas, pois elas parecem ser anarquistas, no sentido libertário. 
O método científico se baseia em duas ideias fundadoras do movimento anarquista, as quais perturbam profundamente os conservadores:

Primeiro, tanto na ciência como no anarquismo a verdade deve ser buscada na natureza (medindo e estudando a realidade e não as palavras das bíblias, das leis ou das normas morais construídas pelas sociedades) e devemos viver de acordo com estas verdades.

Por exemplo, cientificamente e biologicamente os seres humanos são uma única espécie, portanto não há raças “melhores” ou mais inteligentes ou mais capazes do que outras. Assim, não podemos aceitar o racismo do ponto de vista científico, pois a divisão da sociedade em raças é uma construção social para defender privilégios das “raças superiores”[1] .

Outro exemplo, as pesquisas científicas mostram que a COVID-19 é uma doença muito mais grave e com propagação mais rápida do que a gripe, e não a tal gripezinha que está atrapalhando a reeleição de Trump e a popularidade de Bolsonaro.

Segundo, porque tanto na ciência quanto no anarquismo não há autoridade permanente sobre qualquer assunto, pois tudo está sujeito à comprovação experimental, à demonstração lógica e racional. O argumento de que alguém é autoridade em determinado assunto não tem valor na ciência.

Por exemplo, um famoso cientista, conhecido por criticar os vieses dos outros cientistas, foi recentemente desmascarado porque incorreu nos mesmos erros que criticava, ao realizar um estudo cheio de erros, numa tentativa de provar que a mortalidade pelo coronavirus é semelhante à mortalidade da gripe (VER AQUI ARTIGO COMPLETO).

A partir destes dois princípios, a busca racional da verdade e a democracia radical (ausência de autoridades como Estado, Igreja e Poder Político e Econômico), o anarquismo propõe uma sociedade ideal, onde haveria igualdade social, econômica e política e, para chegarmos a ela seria fundamental a transformação cotidiana interna (pessoal) e externa (da sociedade). 

Começando, por exemplo, pela abolição da atual desigualdade entre homens e mulheres em casa, na educação, na liberdade sexual, no trabalho e na política.

Acho que eu sou anarquista e não sabia!!!

Então, viva o anarquismo!


[1] Embora seja direito das pessoas de determinada população defender sua diversidade cultural, seus costumes e sua maneira de estar no mundo, sem abrir mão dos benefícios das conquistas gerais da humanidade. Por exemplo, os povos indígenas têm direito de continuar vivendo como seus antepassados e ao mesmo tempo desfrutar da proteção social contemporânea que garanta os seus direitos humanos, suas terras, sua saúde, sua língua e sua economia.

Comentários

  1. Excelentes suas reflexões com "riscos" de qualidade e bom gosto. Parabéns e abraço

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário que será enviado para o LOR.

Mais visitadas

A última aula do Professor Enio

Último post

Comemorando meus 50 anos como cartunista!