Amazônia - até quando? 40 anos depois



Há exatamente 40 anos participei de um movimento em defesa da Amazônia, durante a ditadura militar brasileira (1964-2004). 


Publicamos uma cartilha em quadrinhos realizada a muitas mãos, que foi distribuída em diversas cidades do Brasil e traduzida no exterior. Reproduzo acima a capa do único exemplar que me resta (danificada pelo tempo - ou pela tristeza?).

É impressionante a atualidade dos dados daquela cartilha! Em breve, colocarei neste blog um exemplar digitalizado.

Por causa da cartilha, fomos ameaçados pela extrema direita e por deputados militares que diziam coisas parecidas com o que Bolsonaro e sua milícia digital estão dizendo neste momento:

1) 
Que os efeitos do desmatamento sobre o planeta são dados mentirosos (como os dados do INPE, da NASA, da OMS, o consenso científico sobre o aquecimento global, etc.)

2) Que a Amazônia pertence aos brasileiros, os quais, portanto, têm o direito de explorar seus recursos, como os europeus e norte-americanos o fizeram (esquecendo que estes países devastaram seu ambiente num passado em que não sabiam da importância da ecologia para a sobrevivência da humanidade, ou seja, o bolsonaristas querem exercer o direito de copiar a burrice alheia).

3) Que quem defende a Amazônia são esquerdistas associados a países estrangeiros que querem tomar o território do Brasil (como a Noruega e a Alemanha? Ou seriam os bolsonaristas que querem entregar as jazidas de minério para os Trumps nos Estados Unidos?)

4) Que os índios e as reservas são inúteis e atrapalham o progresso econômico do Brasil (contrariando a tendência mundial de que somente a agricultura ecologicamente responsável é que seria sustentável no longo prazo).

A cartilha foi elaborada pelo Núcleo Mineiro de Defesa da Amazônia, criado no primeiro semestre de 1979 e contou com a participação de jornalistas, cientistas, economistas, sindicalistas, representantes de tribos indígenas e o Grupo Mineiro de Desenho formado por LOR, Aloísio, Filó, Hamilton, Marília, Sônia, Melado, Rosa, Aloísio, Sandra, Tânia e Wagner.

Durante estes 40 anos acompanhei nossas ocasionais e discretas reduções do desmatamento, numa espécie de caminho lento para o suicídio ambiental.

Agora, vejo que um grupo de ignorantes apertou o gatilho.







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