Desiludir é aprender

Sou um dos entusiasmados brasileiros que na década passada se encantaram com a descoberta das reservas petrolíferas da camada do pré-sal e com a promessa de destinação de parte dos recursos obtidos para a educação.

Não demorou muito, diversos estudiosos do problema mostraram que pautar o futuro do país sobre uma matriz energética baseada no petróleo seria caminhar na contramão da preservação do meio ambiente. A cúpula no poder rosnou que era nossa vez de crescer e que os Estados Unidos e a China que diminuíssem sua produção de carbono e evitassem o aquecimento planetário.

Fiquei intimidado pela gritaria da discussão e acabei torcendo mais pela educação do povo brasileiro do que pela preservação do ambiente.

Há uns dez dias, ainda com esperança de que o pré-sal trouxesse MUITA riqueza para o Brasil, especialmente para a educação, fiz o desenho que foi maravilhosamente transformado em vídeo pelo Rafael Sete, e que se encontra disponível no YouTube (AQUI).

Logo em seguida, li o artigo “O financiamento da educação e a ilusão do pré-sal”, escrito por Otaviano Helene na edição de maio de 2016 do Le Monde Diplomatique Brasil, ilustrada pelo belo desenho do Bruno Maron (ver foto abaixo).




Otaviano Helene é professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, ex-presidente da Associação de Docentes da USP e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (ver AQUI).

Ele mostra de forma cristalina que o Brasil precisaria investir cerca de 10% do PIB para sair do atoleiro educacional em que nos encontramos e que atualmente investe apenas cerca de 5%. Todo o recurso prometido pelo pré-sal para a educação não passa de 0,1% do PIB. Isso mesmo, zero, vírgula, um por cento do PIB.

Otaviano mostra que, neste caso, pouco é pior do que nada. Vale a pena ler.

Li, reli, treli.

Como é duro aprender.


PS: Teria eu feito o desenho do pré-sal com tanta paixão se tivesse lido o artigo do Otaviano Helene antes?







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