Suas mãos hábeis e delicadas trazem à vida a inerte e inválida bruta pedra, extraindo dela ocultos desejos futuros, esculpindo escadas, espadas de aço e silício, interfaces eletrônicas, esculturas monumentais e o cimento dos edifícios que repartem os céus em geometrias. Suas mãos, outrora livres, foram capturadas e postas sob a força, numa história engendrada pelo acaso, feita de guerras sórdidas e ímpetos passados, que reservou para alguns a Terra e para outros o suor e o nada. Suas mãos escravizadas moeram pedras à força da chibata, sob o terror dos capitães do mato, para receberem em troca o miserável mingau por elas mesmas preparado, ao fim de cada dia de infindável trabalho, para restarem calejadas e adormecidas num cansaço de dor e quase morte. Suas mãos, depois de abolidos os grilhões, pareciam livres, mas perderam o direito às enxadas, facões, arados e alicates, e à matéria prima de todo seu en...