Por que as escolas?



Muitos já devem ter se perguntado por que as escolas são vítimas frequentes de massacres provocados por homens, geralmente jovens e brancos, geralmente ex-alunos adeptos até então ocultos de ideias elitistas e violentas?

Seria porque a escola é nosso momento de transição entre a vida familiar (onde somos naturalmente protegidos e mimados como príncipes egoístas) e a vida social (que requer de nós concessões, respeito ao outro, ou seja, que nos impõe limites necessários para uma vida em sociedade)?

Seria porque estes jovens assassinos foram incapazes de se socializarem na escola e então aqueles momentos ali passados se tornam o seu desafeto emocional mais traumático, levando ao sentimento progressivo de vingança violenta?

Seria uma consequência da nossa sociedade individualista que valoriza o ego das crianças exageradamente na criação familiar, fazendo com que elas tenham dificuldade em aceitar os outros?

Seria a escola o lugar onde o discurso familiar que valoriza a própria meritocracia encontra resistências na lógica comunitária da igualdade democrática de oportunidades?

Seria a escola o local onde surgem as primeiras dúvidas científicas sobre as crenças religiosas familiares?

Seria a escola o tempo dos primeiros momentos de racionalidade contra os tabus familiares?

Seriam os assassinos em série expoentes da revolta da família arcaica e religiosa contra o progresso da escola laica e científica?

Seria a escola o símbolo da luta do progresso contra o atraso político?

Seria por isso que uma ministra conservadora quer revogar a obrigação dos pais de mandarem seus filhos para a escola?


São apenas dúvidas, neste momento de luto, de tristeza por todo o sofrimento causado numa escola em Suzano, São Paulo, Brasil, onde armas nas mãos de “pessoas de bem” foram utilizadas para jovens desajustados matarem muitas pessoas.


Lor



14/3/19 Comentário do jornalista Ernesto Rodrigues: No segundo item da ótima reflexão, acrescento a 
parcela de responsabilidade de muitos pais, que são os primeiros a vitimizar os filhos (com essa história de escola sem partido e outras bobagens), desautorizando o papel civilizatório (às vezes duro para os filhos) da escola...
A internet, esse gigantesco e mentiroso espelho para egos perdedores, completa o serviço dos pais...

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