Mate-mática carnífuga
Dez meses se passaram,
desde que troquei o sabor das carnes
pela floresta em pé.
Somando os pedacinhos diários,
que parei de engolir,
deixei de matar um bezerro,
ou trinta frangos, ou cinquenta peixes
ou aquele porquinho rosado.
Sem novos pastos ou campos de soja,
para reporem o que eu teria devorado,
deixei viver duas sumaúmas jovens,
ou trinta aroeiras, ou cinquenta pitangueiras
ou aquela veredinha tropical.
Nesse ritmo, em dois mil e trinta e quatro anos,
terei evitado o desmatamento de uma área,
onde vivem vinte famílias xavante.
Acho que conseguirei.
A alternativa seria nada fazer.
Mas a isso, ainda não me conformei.
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