(Texto publicado hoje no Boletim Matinal da Faculdade de Medicina da UFMG, a convite do professor Unaí Tupinambás @ufmgboletimcovid ) Estou otimista como diante de um abscesso. Há dor, o pus se acumula, perde-se o movimento habitual, mas há uma possibilidade de recuperação, se houver pessoas capazes de lançar mão de um bisturi para lancetar o tumor, permitindo que o organismo supere a infecção. Temos estado assim, prostrados pela dor aguda de uma pandemia que transtornou o mundo de antes, expondo nossa fragilidade imunológica contra o modo de vida que vínhamos levando, apesar dos sintomas premonitórios de que algo não andava bem: aumento da desigualdade social, aquecimento global e governos negacionistas da realidade se espalhando pelas democracias. Ignorando as advertências do nosso organismo humano, insistimos no consumismo alucinado, na intoxicação pelas redes sociais, no sedentarismo político da indiferença ao populismo e à discriminação dos mais pobres. Clicamos mais vezes em...