De novo?



O resultado de 6 a 5 no Supremo Tribunal Federal, a favor da prisão apenas depois da condenação haver transitada em julgado, reflete bem a divisão da sociedade brasileira em torno do tema da impunidade e do papel da Constituição de 1988. Neste clima, muitos de nós estamos comemorando o que promete ser o caminho para a liberdade de Lula.

Apesar de me indignar com o julgamento conduzido por Sergio Moro, forjado com intenções políticas para afastar Lula das eleições de 2018, e de desejar a sua liberdade para o mais breve possível, tenho receio de que sejamos tragados por uma onda de mobilização em torno da pessoa do Lula, repetindo os problemas da centralização da luta da esquerda numa única pauta.

Em vários países, aqueles que desejam um mundo melhor, estamos diante do desafio de reorganizar as propostas democráticas e progressistas para enfrentarmos o populismo de direita e o fascismo crescente nos últimos anos.

São muitas as tarefas que não podemos deixar de lado. Parece-me arriscado empregar toda nossa energia numa única questão, ainda que ela seja importante.

Temos uma pauta urgente que é preparar candidatos e candidatas para as eleições municipais do próximo ano.

Para isso, precisamos nos reinserir nos movimentos populares, atualmente ocupados pelos evangélicos e seu discurso individualista e conservador.

Precisamos reunificar os trabalhadores e revitalizar seus sindicatos.

Precisamos resgatar as pessoas desesperançadas que foram capturadas pela ideologia bolsonarista.

Precisamos retomar os espaços institucionais perdidos na saúde na educação e na cultura.

Precisamos aprofundar a defesa dos povos indígenas e do meio ambiente.

Precisamos lutar contra o racismo e a violência, em especial contra a população jovem e pobre.

Precisamos combater o movimento irracional contra a ciência.


Estas são algumas das muitas pautas de longa duração que não podemos deixar de lado para repetir a ilusão de que determinadas pessoas iluminadas, por mais habilidosas politicamente que elas sejam, vão nos conduzir para a solução dos problemas que não resolvemos com nossas próprias mãos.

Temos que enfrentar no cotidiano a onda de irracionalidade que destrói as conquistas sociais e o país.



Então, sim, Lula livre!

Mas também trabalhadores livres! Mulheres livres! Educação livre! Indígenas livres! Cultura livre! Saúde livre! 
Liberdade geral e irrestrita!

Haja pernas para tanta liberdade!



Lor



Agradeço as leituras e sugestões de Thalma, Romeu, Bruno e Sara.

Comentários

  1. De acordo com a pauta de lutas. Não sou petista. Meu partido é bem mais ideológico. Mas é necessário alguém com intensa força popular para aglutinar um imenso número de pessoas para lutarmos juntos para atingirmos nossos objetivos. E o Lula, neste momento, é essa pessoa.

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  2. Abraço fraterno estimada família ❤️

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  3. Senhor Lor, é um prazer ver que segue atuante. Descobri seu trabalho no começo deste século, através da editora Nona Arte. Contra Ataque: Retrato Falado me influenciou enormemente e ouso dizer que é um dos quadrinhos fundamentais da história desta mídia em nosso país. É um prazer ver que o senhor segue ativo e, ainda mais, coerente em suas posições (que são também as minhas).
    Um grande abraço deste leitor que adoraria encontrar com o senhor um dia, para tomar um café e colher um autógrafo no meu exemplar.
    Abraço,
    - Diego Aguiar Vieira

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