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Mostrando postagens de março, 2019

31 de março

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Hoje, 31 de março, completam-se 55 anos do golpe civil militar no Brasil. Momento este que interrompeu, de forma grave, longa e dolorosa, o processo de construção democrática no país. As duas décadas de regime autoritário nos legaram a destituição ilegal de um presidente democraticamente eleito, o assassinato por razões políticas de 434 pessoas, a tortura de 20 mil cidadãos, a perseguição e destituição de 4.841 representantes políticos eleitos em todo o país, a censura de estudantes, jornalistas, artistas e pensadores entre tantos outros crimes, praticados pelo estado ou com a conivência deste, deixando cicatrizes institucionais cujas consequências são perceptíveis até os dias de hoje. Isto sem mencionar as profundas sequelas que estas incontáveis violações a direitos humanos fundamentais deixaram nas vítimas diretas e indiretas em matéria de integridade física, mental e emocional. A abertura democrática que sucedeu este período sombrio de nossa história, com todos os seus perca...

Mitologia

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O populismo precisa de nomes, a democracia de ideias. Ele é narcisista, vaidoso, ela é discreta, anônima. Ele pode ser de direita ou de esquerda, ela vê o mundo com ambos os olhos. O populismo é feito de bandeiras, hinos e heróis, a democracia de música para dançar. Ele tem horror ao estrangeiro, ela não tem fronteiras. Um se alimenta das diferenças, a outra digere o ódio. O populista quer ser macho alfa e forte, a democracia é feminina e alfabetizada. Ele faz o que manda o facebook, ela se orienta pelo bem comum. Um manda matar bandidos, a outra quer desproduzir o crime. O populismo promete metralhar corruptos, a democracia vacina contra a corrupção. Ele se vangloria da própria meritocracia, ela sabe que o sol não nasce igual para todos. O populista precisa de armas letais, a democracia de pessoas vivas. Ele tem certezas absolutas, ela aprende com as dúvidas e o desconhecido. Um tem pressa, a outra tem todo o tempo do mundo. O populismo cultua incerto passado, a democracia sonh...

Pátria armada, salvem-me, salvem-me!

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Um assassino incomoda muita gente. Dois assassinos incomodam muito mais. Três assassinos atacam uma escola, Quatro assassinos aprendem como faz. Cinco assassinos formam a milícia, Seis assassinos elegem o capataz.  Sete assassinos trabalham com a polícia, Oito assassinos matam quem é da paz. Nove assassinos apoiam o presidente Dez mil eleitores são mortos a mais.

O que pensam os militares?

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Muitos cartuns já foram feitos sobre esta base da evolução humana, mas este é o melhor até o momento. Ele foi feito pelo jovem cartunista Rodrigo Leão para ilustrar uma matéria no Le Monde Diplomatique Brasil de março de 2019 intitulada “Notas para entender os militares brasileiros na atualidade”. Nela ALEXANDRE FUCCILLE comenta que ao dar de ombros a formas menos ortodoxas de compor um ministério e ao ignorar em larga medida o funcionamento do “presidencialismo de coalizão” e o mundo da política, o novo governo lançou uma proposta arriscada e suscitou na cabeça de muitos a questão “O que pensam os militares brasileiros hoje?” Vale a pena conferir:  https://diplomatique.org.br/edicao/

Adeus às armas

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Para Eduardo Gontijo, colega de geração, e meus genros, uma nova. A babá adolescente colocou minha filha caçula com alguns brinquedos sobre a cama de casal e em passiva presença procurou algo para se distrair. A gaveta entreaberta na mesinha de cabeceira deixava à mostra a pistola automática que eu ali mantinha carregada. A babá pegou a arma e começou a fuçar, movendo a trava de segurança sem saber que havia munição no compartimento de disparo. Na paranoia de que alguém pudesse entrar em casa ameaçando minha mulher e filhas, eu deixava uma bala na agulha para precisar de menos tempo para atirar, caso necessário. Aquela Beretta 635 era minha terceira arma: a primeira, uma cartucheira calibre 32, fora presente de meus pais que implorei a eles quando completei onze anos de idade. Em 1960 isto não era absurdo, pois meu avô possuíra várias armas, assim como meu pai, meus tios, enfim, todos os homens que eu conhecia eram donos de, pelo menos, uma espingarda de caça. De posse da cartu...

Quem mandou matar Marielle, por Eliane Brum

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Eliane Brum, como sempre, descreve  com enorme lucidez  o que vivemos em nosso país. Sua sensibilidade jornalística revela-nos os passos no presente  que estamos dando em direção a um futuro ainda mais violento . Ver aqui seu último texto: ELIANE BRUM NO JORNAL EL PAÍS

Por que as escolas?

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Muitos já devem ter se perguntado por que as escolas são vítimas frequentes de massacres provocados por homens, geralmente jovens e brancos, geralmente ex-alunos adeptos até então ocultos de ideias elitistas e violentas? Seria porque a escola é nosso momento de transição entre a vida familiar (onde somos naturalmente protegidos e mimados como príncipes egoístas) e a vida social (que requer de nós concessões, respeito ao outro, ou seja, que nos impõe limites necessários para uma vida em sociedade)? Seria porque estes jovens assassinos foram incapazes de se socializarem na escola e então aqueles momentos ali passados se tornam o seu desafeto emocional mais traumático, levando ao sentimento progressivo de vingança violenta? Seria uma consequência da nossa sociedade individualista que valoriza o ego das crianças exageradamente na criação familiar, fazendo com que elas tenham dificuldade em aceitar os outros? Seria a escola o lugar onde o discurso familiar que valoriza a própria meritocra...

O manifesto internacional feminista lançado neste 8 de março

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O jornal eletrônico NEXO apresenta um resumo das principais ideias do Manifesto Internacional Feminista lançado hoje em várias partes do mundo em mais de dez idiomas. Para comemorar o Dia Internacional da Mulher dê uma olhada AQUI Feminismo para os 99%!

Estudo para a caricatura de Fabrício Queiroz

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Antes de morrer, a palavra perde os sentidos

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Igualdade pode significar ameaça aos privilégios. Liberdade é dar vazão ao ódio despudorado. Fraternidade, apenas um grupo religioso na favela Prado Lopes. Verdade, a opinião mais popular do dia. Cultura, aquele exame de urina, coisa de parasitas. Solidariedade, um clique no post sobre as vítimas das mineradoras. Direitos virou uma ironia qualquer sobre moradores de rua. Ética foi absorvida pela estética da publicidade. Democracia se tornou o útero da corrupção. Brasileiros pode significar aquelas pessoas desunidas por uma língua e aprisionadas pela geografia entre Miami e o Paraguai. Esperança, não se sabem mais os seus sentidos.