Desordem do dia
"A determinação é para apurar no menor prazo possível, então, [com] todos os esforços. Falei, inclusive, com o general Braga na sexta-feira para envidar todos os esforços e recursos disponíveis para logo solucionar essa questão", disse Michel Temer à imprensa (ver aqui) após a execução de Marielle Franco.
Fiquei pensando no que disse, de fato, o presidente substituto.
“A determinação”
Não há sujeito nesta ordem: quem determinou? Ao se eximir da autoria, ao fugir de sua responsabilidade, Temer evita de se posicionar contra seus amigos, tenta não desagradar seus amigos da bancada da bala e seus comparsas no (P)MDB infiltrados na polícia do Rio de Janeiro desde o governo de Moreira Franco, tornando-a ineficiente e corrupta.
“É para se apurar”
Ele quis dizer apurar no sentido de investigar ou com o significado de se montar uma encenação de que alguém está investigando a execução, enquanto a memória pública vai se esquecendo do crime, até que Marielle faça parta da lista de dezenas de líderes comunitários assassinados sem que seus executores tenham sido punidos.
Aliás, por que a “determinação” não foi para PUNIR os culpados?
“No menor prazo possível”
A introdução do termo “possível” abre espaço para que as dificuldades da polícia investigativa sejam usadas como pretexto para não haver prioridade na investigação de um crime claramente político como a morte de Marielle. Como se dissesse, tudo bem, coloquem ela na fila dos milhares de morte a serem esclarecidas somente no Rio de Janeiro neste ano.
“Então, com todos os esforços”
O presidente vaselina parece dizer que dependendo do tipo de assassinato há justificativa para se investigar com mais ou menos esforços. Quer dizer, mesmo mulher, negra, homossexual e defensora dos Direitos Humanos Marielle, dada a repercussão do crime, o presidente finge incluir a vereadora nos esforços que são feitos para o esclarecimento de um assassinato de um médico branco na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, por exemplo.
“Falei, inclusive, com o general Braga na sexta feira”
Falou ou deu uma ordem como presidente? O general interventor no Rio de Janeiro por decreto do Temer, não está abaixo da hierarquia e deveria formalmente receber a incumbência de esclarecer o assassinato de Marielle? Mas, estando entre amigos, o presidente banana fala casualmente com o seu general, como se durante um cafezinho dissesse: - “Olha, se tiver um tempinho, dá um jeito aí nessa questão para acalmar a imprensa”.
“Envidar todos os esforços e recursos disponíveis”
“Envidar” é mais uma das formas pedantes usadas pelo presidente juridiquês para dizer que o outro faça do jeito que ele quiser, se possível, senão, deixa para lá. Também serve para nos dizer a qual classe Temer pertence de fato: aos ilustres ilustrados machos brancos da burguesia paulistana.
A repetição da palavra esforço na declaração de Temer é um recurso utilizado por ele para dar ênfase naquilo que justamente ele não quer fazer. Ao acrescentar o termo “recursos” ele parece dar uma solução objetiva e pragmática ao problema, mas o próprio general Braga pediu 3 bilhões para custear a intervenção no Rio e Temer deu apenas 1,2 bilhões. Recursos de retórica e não financeiros, mais uma vez.
“Para logo solucionar”
Mais uma vez, a pressa em tirar o assunto do foco da opinião pública e o eufemismo, as palavras adocicadas para um evento trágico: “solucionar” seria encontrar os autores e suas ligações políticas? Ou apenas transformar a execução de uma pessoa defensora de determinadas ideias políticas num crime comum e destinado ao esquecimento?
“Essa questão”
Questão? Novamente a fuga verbal mesquinha do presidente acusado de inúmeros crimes de corrupção. Por meio das palavras neutras, indeterminadas, sem autoria, sem a dimensão humana do sofrimento humano, sem o cheiro do sangue de Marielle que ficou derramado no carro onde ela foi executada.
A declaração do presidente é uma espécie de salvo conduto para os criminosos de que eles passarão ocultos pela simulação de investigação que será realizada.
A não ser que Marielle Franco continue presente em nossas vidas e que a ONU nos ajude a descobrir os seus assassinos e mandantes.
Fiquei pensando no que disse, de fato, o presidente substituto.
“A determinação”
Não há sujeito nesta ordem: quem determinou? Ao se eximir da autoria, ao fugir de sua responsabilidade, Temer evita de se posicionar contra seus amigos, tenta não desagradar seus amigos da bancada da bala e seus comparsas no (P)MDB infiltrados na polícia do Rio de Janeiro desde o governo de Moreira Franco, tornando-a ineficiente e corrupta.
“É para se apurar”
Ele quis dizer apurar no sentido de investigar ou com o significado de se montar uma encenação de que alguém está investigando a execução, enquanto a memória pública vai se esquecendo do crime, até que Marielle faça parta da lista de dezenas de líderes comunitários assassinados sem que seus executores tenham sido punidos.
Aliás, por que a “determinação” não foi para PUNIR os culpados?
“No menor prazo possível”
A introdução do termo “possível” abre espaço para que as dificuldades da polícia investigativa sejam usadas como pretexto para não haver prioridade na investigação de um crime claramente político como a morte de Marielle. Como se dissesse, tudo bem, coloquem ela na fila dos milhares de morte a serem esclarecidas somente no Rio de Janeiro neste ano.
“Então, com todos os esforços”
O presidente vaselina parece dizer que dependendo do tipo de assassinato há justificativa para se investigar com mais ou menos esforços. Quer dizer, mesmo mulher, negra, homossexual e defensora dos Direitos Humanos Marielle, dada a repercussão do crime, o presidente finge incluir a vereadora nos esforços que são feitos para o esclarecimento de um assassinato de um médico branco na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, por exemplo.
“Falei, inclusive, com o general Braga na sexta feira”
Falou ou deu uma ordem como presidente? O general interventor no Rio de Janeiro por decreto do Temer, não está abaixo da hierarquia e deveria formalmente receber a incumbência de esclarecer o assassinato de Marielle? Mas, estando entre amigos, o presidente banana fala casualmente com o seu general, como se durante um cafezinho dissesse: - “Olha, se tiver um tempinho, dá um jeito aí nessa questão para acalmar a imprensa”.
“Envidar todos os esforços e recursos disponíveis”
“Envidar” é mais uma das formas pedantes usadas pelo presidente juridiquês para dizer que o outro faça do jeito que ele quiser, se possível, senão, deixa para lá. Também serve para nos dizer a qual classe Temer pertence de fato: aos ilustres ilustrados machos brancos da burguesia paulistana.
A repetição da palavra esforço na declaração de Temer é um recurso utilizado por ele para dar ênfase naquilo que justamente ele não quer fazer. Ao acrescentar o termo “recursos” ele parece dar uma solução objetiva e pragmática ao problema, mas o próprio general Braga pediu 3 bilhões para custear a intervenção no Rio e Temer deu apenas 1,2 bilhões. Recursos de retórica e não financeiros, mais uma vez.
“Para logo solucionar”
Mais uma vez, a pressa em tirar o assunto do foco da opinião pública e o eufemismo, as palavras adocicadas para um evento trágico: “solucionar” seria encontrar os autores e suas ligações políticas? Ou apenas transformar a execução de uma pessoa defensora de determinadas ideias políticas num crime comum e destinado ao esquecimento?
“Essa questão”
Questão? Novamente a fuga verbal mesquinha do presidente acusado de inúmeros crimes de corrupção. Por meio das palavras neutras, indeterminadas, sem autoria, sem a dimensão humana do sofrimento humano, sem o cheiro do sangue de Marielle que ficou derramado no carro onde ela foi executada.
A declaração do presidente é uma espécie de salvo conduto para os criminosos de que eles passarão ocultos pela simulação de investigação que será realizada.
A não ser que Marielle Franco continue presente em nossas vidas e que a ONU nos ajude a descobrir os seus assassinos e mandantes.
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