Repugnâncias
O avô perde a rodada no baralho para o neto de nove anos, que exclama:
- Chupa, vô!
- Você sabe o que você está me mandando chupar?
- Não, o quê?
- O seu pinto.
- Sério!?
- Sim. É um jeito grosseiro e machista de falar.
- Então “chupa” é tipo um palavrão, tipo “vai se foder”?
- É.
- O que é se foder?
- Você não sabe mesmo? .... É tipo vai transar com você mesmo.
- Como assim?
- É outro jeito grosseiro e machista de falar sobre sexo. Quando um casal de adultos tem uma vontade especial de se abraçar e beijar, você vai sentir isso quando crescer, e então ...
- Tá, tá! Não quero saber dessas coisas nojentas.
- Não acho nojentas, mas se você acha então seria melhor não falar esses palavrões. Eu evito falar palavrões.
- Por quê?
- Acho que todos eles transformam nosso corpo em coisas nojentas. Merda, bunda, porra... falado assim tudo parece feio e sujo, quando são partes naturais do nosso corpo.
- E por que as pessoas fazem isso?
- Não sei muito bem, mas deve ser alguma coisa muito antiga, porque os índios Ianomâmis, por exemplo, quando querem ofender uma pessoa dizem que ela tem cheiro de pênis.
- Eca! E você não fala nem “filho da puta”?
- Você sabe o que é puta?
- Sei, é uma pessoa que faz sexo para ganhar dinheiro.
- Antigamente eu falava, mas um dia pensei que chamar alguém de “filho da puta” é uma forma grosseira de dizer que aquela pessoa é desonesta, malvada, tem mau caráter, é mentirosa, etc. Mas tem duas coisas erradas nesse palavrão. Primeiro, ser prostituta não tem nada a ver com ser boa ou má pessoa. São pessoas que precisam vender seu corpo para sobreviver por causa da pobreza em que nasceram ou a que foram forçadas a viver. Ser pobre ou rico não tem nada a ver com ser boa pessoa, aliás, é mais fácil achar gente ruim entre os ricos do que entre os pobres, já dizia um judeu famoso...
- ?
- Segundo, chamar alguém de “filho da puta” é ofendê-la dizendo que é uma pessoa má, que não presta, porque não sabe quem é seu pai e só quem tem pai é que pode ser uma boa pessoa. Ninguém ofende outra pessoa chamando-a de “filho do puto”, porque é mais uma coisa contra as mulheres, é um palavrão machista.
- Vô, vamos consertar o meu skate?
- Vamos, mas se você encontrar qualquer palavrão que não seja uma grosseria contra o nosso corpo ou contra as mulheres, te dou um skate novo.
Mais tarde, o avô ensina como alisar o durepox para colar a peça no velho skate.
- Você molha o dedo na água e vai passando até ficar bem lisinho. Se não tiver água, use um pouco de saliva.
O neto põe um pouco de saliva na ponta do dedo.
- Eca! É meio repugnante.
O avô pensa que será um longo caminho até o dia em que chamaremos os maus motoristas de maus motoristas, as coisas erradas de coisas erradas, os corruptos de corruptos e não mais existirão prostitutas ou prostitutos.
Obs: Acima, desenho da Rosa, minha neta de 4 anos.
- Chupa, vô!
- Você sabe o que você está me mandando chupar?
- Não, o quê?
- O seu pinto.
- Sério!?
- Sim. É um jeito grosseiro e machista de falar.
- Então “chupa” é tipo um palavrão, tipo “vai se foder”?
- É.
- O que é se foder?
- Você não sabe mesmo? .... É tipo vai transar com você mesmo.
- Como assim?
- É outro jeito grosseiro e machista de falar sobre sexo. Quando um casal de adultos tem uma vontade especial de se abraçar e beijar, você vai sentir isso quando crescer, e então ...
- Tá, tá! Não quero saber dessas coisas nojentas.
- Não acho nojentas, mas se você acha então seria melhor não falar esses palavrões. Eu evito falar palavrões.
- Por quê?
- Acho que todos eles transformam nosso corpo em coisas nojentas. Merda, bunda, porra... falado assim tudo parece feio e sujo, quando são partes naturais do nosso corpo.
- E por que as pessoas fazem isso?
- Não sei muito bem, mas deve ser alguma coisa muito antiga, porque os índios Ianomâmis, por exemplo, quando querem ofender uma pessoa dizem que ela tem cheiro de pênis.
- Eca! E você não fala nem “filho da puta”?
- Você sabe o que é puta?
- Sei, é uma pessoa que faz sexo para ganhar dinheiro.
- Antigamente eu falava, mas um dia pensei que chamar alguém de “filho da puta” é uma forma grosseira de dizer que aquela pessoa é desonesta, malvada, tem mau caráter, é mentirosa, etc. Mas tem duas coisas erradas nesse palavrão. Primeiro, ser prostituta não tem nada a ver com ser boa ou má pessoa. São pessoas que precisam vender seu corpo para sobreviver por causa da pobreza em que nasceram ou a que foram forçadas a viver. Ser pobre ou rico não tem nada a ver com ser boa pessoa, aliás, é mais fácil achar gente ruim entre os ricos do que entre os pobres, já dizia um judeu famoso...
- ?
- Segundo, chamar alguém de “filho da puta” é ofendê-la dizendo que é uma pessoa má, que não presta, porque não sabe quem é seu pai e só quem tem pai é que pode ser uma boa pessoa. Ninguém ofende outra pessoa chamando-a de “filho do puto”, porque é mais uma coisa contra as mulheres, é um palavrão machista.
- Vô, vamos consertar o meu skate?
- Vamos, mas se você encontrar qualquer palavrão que não seja uma grosseria contra o nosso corpo ou contra as mulheres, te dou um skate novo.
Mais tarde, o avô ensina como alisar o durepox para colar a peça no velho skate.
- Você molha o dedo na água e vai passando até ficar bem lisinho. Se não tiver água, use um pouco de saliva.
O neto põe um pouco de saliva na ponta do dedo.
- Eca! É meio repugnante.
O avô pensa que será um longo caminho até o dia em que chamaremos os maus motoristas de maus motoristas, as coisas erradas de coisas erradas, os corruptos de corruptos e não mais existirão prostitutas ou prostitutos.
Obs: Acima, desenho da Rosa, minha neta de 4 anos.
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