Gaza, o escândalo da dor e os labirintos da identidade - compaixão versus acusação
Por Eduardo Gontijo Nenhum acontecimento recente expôs com tanta dramaticidade o abismo ético e moral da nossa época quanto as imagens de Gaza, transmitidas pelas redes sociais e pelos noticiários de TV: crianças com rostos e membros mutilados, mulheres implorando por água e por uma porção de comida, idosos tateando entre os escombros de moradias à procura de restos de familiares. A dor palestina, exibida em milhões de telas, parece ter reacendido – através de incontáveis manifestações em várias partes do mundo – aquilo que deve ser o núcleo ético e político mais antigo do homo sapiens — a compaixão – sem a qual nenhuma comunidade humana pode sobreviver. “O rosto do outro me obriga”, escreveu Emmanuel Levinas – o maior filósofo judeu depois de Martin Buber – em sua obra Totalidade e Infinito. Para Levinas, não há nenhuma mediação ideológica nesse gesto ético inaugural, primordial. Antes de qualquer cálculo político ou racional, o rosto e olhar do outro nos convocam – pelo m...

Cerca de um mês antes da data prevista para o nascimento de meu filho, o médico (particular) que me acompanhava disse que eu tinha "bacia masculina, que o bebê não se encaixaria e que uma cesárea seria necessária. Isso em 1959. Me deram anestesia geral. Quase 40 amos depois, fui examinada por ginecologista amigo, que exclamou, "Que bacia boa pra parir!". Ou seja, fui privada de participar da coisa mais importante do mundo, o nascimento de um filho, porque provavelmente o doutor não queria ser incomodado num fim de semana... Será que esse tipo de médico veio de uma couve?
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