O ultimato de Trump e o nosso projeto de nação.
Sérgio Batalha
- Hoje Trump cruzou a derradeira fronteira nas relações com o Brasil, dentro do contexto da batalha ideológica que vem movendo em todo o mundo.
Afirmou em uma carta formal ao governo brasileiro que estava impondo uma tarifa adicional de 50% sobre a importação de nossos produtos em função de uma suposta perseguição a Bolsonaro e determina que o seu julgamento deve parar “IMEDIATAMENTE” (assim mesmo em letras garrafais, como se estivesse gritando).
Prossegue com uma sucessão de ofensas ao país e suas instituições, afirmando que o tratamento dispensado a Bolsonaro é uma “vergonha internacional”, que o Brasil está atacando “as eleições livres” e “direitos fundamentais de expressão dos americanos” por meio do STF e, por fim, acusa o Brasil de práticas comerciais “injustas”, que provocariam um “déficit” dos EUA no comércio com o Brasil.
Encerra a carta ameaçando elevar ainda mais as tarifas caso haja qualquer retaliação e com o início de uma investigação nos EUA sobre supostas práticas lesivas do Brasil contra empresas americanas de comunicação digital.
Lula reuniu seu ministério e, de forma sóbria, reafirmou a soberania brasileira, disse que não aceita a tutela de ninguém e que o Judiciário brasileiro funciona de forma independente, rejeitando qualquer interferência externa em nossas instituições. Por fim, informou que aplicará a Lei da Reciprocidade, recentemente aprovada no Congresso, que o autoriza a aplicar aos produtos americanos as mesmas taxas aplicadas aos nossos produtos.
Não há outra resposta possível. Não me refiro a Lula, ao PT ou ao governo. Não há outra resposta possível da nação brasileira, organizada em um Estado soberano há mais de duzentos anos. Ou reafirmamos nossa soberania neste momento, ou seremos apenas um acampamento, jamais uma nação.
Não interessa a questão econômica. Pouco importam as perdas de determinados setores da produção. Os termos ditados por Trump são inaceitáveis para qualquer povo com dignidade.
A nossa elite econômica tem de entender que em momentos capitais não se pode raciocinar com o bolso.
Os Estados Unidos são uma nação porque enfrentaram a Coroa Inglesa quando a Inglaterra era o país mais poderoso do mundo. Churchill enfrentou a Alemanha nazista, muito mais poderosa, mesmo contra a opinião de parte da sua nobreza. Não se barganha com a dignidade nacional.
Na verdade, os prejuízos serão menores que os esperados e atingirão igualmente os americanos, que pagarão mais caro pela carne que comem, além de diversos produtos que utilizam insumos importados do Brasil.
Já o Brasil deve aprofundar suas relações com a Europa, com os Brics e com outros países prejudicados com as tarifas de Trump. A reação deve vir em bloco. Lembrem-se que o maior parceiro comercial do Brasil é a China e não os EUA.
A retaliação deve ser cirúrgica e mirar em setores estratégicos para os americanos, especialmente naqueles em que seus produtos serão substituídos por importações de outros países.
Na politica, em relação a esta questão, a divisão não será entre direita e esquerda, petistas e bolsonaristas ou entre governo e oposição.
Só há dois lados : o dos brasileiros e os dos lacaios dos americanos. Bolsonaro não é apenas fascista, é um lacaio de Trump, um agente de um governo estrangeiro pronto a prejudicar sua pátria em troca de uma anistia ou vantagens políticas e financeiras.
Se Tarcísio permanecer ao lado de Bolsonaro nesta questão, as eleições do ano que vem confrontarão Lula e o candidato dos americanos, o cachorro de Trump.
Não é o momento para meias palavras ou conciliação. O enfrentamento de Trump é um passo necessário para a consolidação de um projeto de uma nação brasileira livre, soberana e comprometida com o progresso dos seus cidadãos.
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