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Mostrando postagens de março, 2025

Onde está o novo homem?

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A série da Netflix “ Adolescência ” mostra o impacto das redes sociais sobre o comportamento de um menino, um garoto comum, numa sociedade machista. Entre as várias questões importantes despertadas pela série, uma delas poderia ser a falta de modelos de masculinidade não-machista para as novas gerações. Mesmo nós, os que tentam desconstruir o machismo estrutural no qual fomos constituídos como homens, ainda não somos exemplos do novo homem. Além disso, pode ser que ainda não haja muitos homens desprovidos dos valores machistas na atual sociedade capitalista, que funciona às custas da meritocracia e das desigualdades estruturadas em gênero, raças e fronteiras. Mas provavelmente seria mais inspirador para meninos e adolescentes se eles tivessem mais exemplos de homens não-machistas para se espelharem do que somente serem estimulados a não se comportar como os machões atuais. Então, como seriam estes exemplos dos novos homens? Numa conversa, Luíza e eu ficamos imaginando que poderia ser a...

FACE X INSTA - quem ganha e quem perde?

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O cartum acima foi desencadeado pelo livro “ Geração Ansiosa ” e pela série recém lançada da Netflix “ Adolescência ”, que está se transformando num fenômeno de audiência em todo mundo. Ambos nos ajudam a compreender como as empresas que lucram com as redes sociais são uma ameaça à saúde mental da humanidade, em especial das crianças e adolescentes. Depois de ver “Adolescência”, membros do governo britânico decidiram agir imediatamente para combater a perversidade lucrativa das empresas Facebook, Instagram, X e outras que criam mecanismos de inteligência artificial para gerar dependência nas pessoas que usam as redes sociais ( ver aqui o The Guardian de hoje ). Como podemos participar dessa história?  Lor      

Essa história vai ser lida por 29 799 crianças brasileiras!

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  Estou muito, muito feliz!! O livro “ Três gatos e um peixe ” foi adotado pelo Programa Nacional de Livros Didáticos do Governo Federal para ser distribuído nas escolas de todo o Brasil! É uma história que conta como três gatos conseguem repartir um peixe de forma amigável e de acordo com as necessidades de cada um. Há alguns anos, ela foi criada numa das histórias na hora de dormir (eram a neta Alice e o neto Francisco) e as crianças gostaram tanto que Thalma sugeriu a gente transformar num livro.  Desenhamos e criamos mais duas histórias, que foram transformadas pela Editora Lê numa obra prima gráfica: a Coleção Gato Gaiato , com três livros: “Três gatos e um peixe”, A Lua cheia de…” e “O ladrão de comida” (veja aqui o link para a coleção ). Você pode imaginar a alegria de um avô ao saber que uma de suas histórias, que inventou amorosamente para suas netas e netos, estarão ao alcance de tantas outras crianças! Me sinto realizado como artista! Como a gente diz em Jesuânia: N...

Flow e a estética do fim do mundo

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  Vimos Flow , o filme que recebeu o Oscar 2025 em animação, produzido na Letônia. É uma grande obra de arte pela técnica admirável, por cativar a atenção, mobilizar fortes emoções e deixar perguntas duradouras. Pensando no seu impacto cultural sobre milhões de pessoas em todo o mundo, saí do cinema mergulhado numa ambiguidade de sentimentos. De um lado, as possíveis metáforas do filme despertaram em mim certos valores morais estruturais, solidariedade, principalmente. Do outro, elas ativaram minha consciência crítica sobre o contexto da história. Comento alguns aspectos do filme sem precisar contar toda a história, porque eles já podem ser percebidos no próprio trailer (clique aqui) . Como dá para imaginar pelas cenas do trailer, é a história de um filhote de gato fofinho e solitário que dorme numa casa - recém abandonada pelos moradores humanos – onde há inúmeros monumentos aos gatos, e que é colhido por um dilúvio súbito e se junta a outros animais – uma capivara, um lêmur...

Toda alegria

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Para Luíza   Disse a menina, saboreando seu primeiro sorvete, depois da cirurgia que lhe abriu o peito para corrigir um pequeno defeito no coração, não na sua essência, que toda alegria é, afinal, uma forma de resistência.   talvez por ela ter assim me alertado,  eu, que sempre desprezei o Carnaval, fui atraído pela batucada numa rua perto de minha casa no mesmo bairro onde, dias antes, outro policial covarde matou Cristóvão, um dos moradores de rua que estorvam nossas ilusões de classe média era um pequeno bloco de foliões improvisados apesar da lama que ainda transborda da barragem da Lagoa do Nado, das mineradoras em Brumadinho ou das telas no vale do silício reconheci o sorriso largo da porta-bandeira, que trabalha como empacotadeira  no supermercado Brasil apesar da dor continuada e reincidente de mil Marielles, Malês e Marias da Penha vi a felicidade do rapaz tocando o surdo com vigor, como se aquele couro r...