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Mostrando postagens de novembro, 2021

Em defesa de Bolsonaro

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  Se é verdade que uma mulher foi levada à delegacia por ofender Bolsonaro por tê-lo chamado de Noivinha do Aristides, acho que ela deveria ser indiciada por homofobia e não por injúria ao presidente da república. Como sou a favor do amor livre, se o desejo de Bolsonaro for por Aristides, tem que ser respeitado como qualquer outro amor homossexual. Se ela estivesse festejando o amor dos dois, tudo bem. Mas se usou como argumento depreciativo, discriminatório e preconceituoso o fato de Bolsonaro amar (ou ter amado) Aristides, isto é homofobia. Agora, se tudo isto for uma mentira de pessoas que se opõem ao Bolsonaro, há um duplo erro aqui: usar a mentira como arma política (como Bolsonaro faz) e expressar a homofobia (como Bolsonaro faz). E não estou sendo irônico. Lor

Ciça, mulher, cartunista e poeta

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  Os amigos Facundos combinaram que cada um de nós escolheria um poema para ler hoje, durante nosso encontro semanal. Escolhi “Pequenos assassinatos” da cartunista Ciça, que admiro há dezenas de anos, como pessoa e artista. Eu a seguia, tentando aprender sua arte, na tira “O Pato” na Folha de São Paulo, até 1985, quando ela parou de ser publicada. Thalma e eu fomos carinhosamente recebidos por ela e seu marido Zélio Alves Pinto em sua casa em São Paulo, quando lá morávamos na década de 80. Veja mais sobre a Ciça em 2020 numa entrevista para Folha de São Paulo . Antes do poema, reproduzo abaixo sua tira publicada há mais de 40 anos, sobre o “excludente de ilicitude” defendido pelos policiais militares bolsonaristas, que cometeram mais um massacre no Rio de Janeiro nesta semana. Seu poema, de 1978, nos lembra a antiga luta das mulheres. Pequenos assassinatos Ai, ângelas, ai josefinas ritas de cássia e odetes sônias, suzanas, marias gláucias, deises, luzinetes – ...

Samba caução

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  Você me trocou por ele, não me conformo, e busco uma razão. Seria pela simples novidade? por falta de juízo, no seu estúpido coração? Seria por causa da viagem a Miami, que prometi, nunca cumpri e deixei você na mão? Talvez aquela conta conjunta, que esqueci de abrir, e você fazia tanta questão? Ou a certidão de casamento, que deixei de assinar, na mesa do escrivão? É verdade que prometi vida melhor, democracia em casa... mas nem tudo foi em vão! Nosso amor merece uma chance: ano que vem, volte, eu garanto, vai acabar sua decepção. Só ainda não entendo, com tantos por aí, você foi escolher justo o pior, o bandidão? Ah! Ele, não!

O fim dos patrões e trabalhadores

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  Ninguém, dentre as centenas de pessoas que conheci nos últimos anos, me respondeu sobre seu trabalho dizendo-se operário, assalariado, empregado ou trabalhador. Ninguém também se identificou como patrão. Todas as respostas que obtenho são descrições dos aspectos técnicos das atividades que exercem, como se elas fossem profissões autônomas. Por exemplo. Sou administrador de estoques.  Onde, Seu Jorge?  Na indústria metalúrgica X.  Ah, o que o senhor faz?  Eu reponho a matéria prima nas linhas de operação. Então, o senhor é um operário metalúrgico?  (percebo o constrangimento do Seu Jorge) Sim...  Parece haver resistência do Seu Jorge em descrever sua posição na sociedade como pertencente à categoria explícita dos “operários”, talvez assumida por ele como subalterna, inferior, subjugada e sem futuro. Ele não se vê nem mesmo como parte dos “trabalhadores”, o conjunto de todas as pessoas assalaria...