Cro-Magnon
Os restos mortais do homem de vinte e oito mil anos (*) reacendem, nas cinzas sobre a mesa dos cientistas, fagulhas possíveis de sua vida. Apesar das marcas da doença, terá sido feliz? Corria pela floresta como as outras crianças, em brincadeiras ágeis pela aldeia nômade, ou tropeçava nos próprios genes e se ralava até desistir? Aprendeu facilmente a falar as complexas palavras mágicas, que traziam a caça e as frutas suculentas, ou se alimentava dos restos dos meninos mais espertos? Descobriu seu lugar ao redor da fogueira, onde os cânticos marcavam os ritmos da vida e da morte, ou teve que ser introduzido pela sua mãe contra os costumes da tribo? Encontrou forças para se aproximar daquela moça, que sorria para ele como se fosse sempre de manhã, ou se deixou emudecer pelo coração disparado e tímido? Foi capaz de construir sua própria cabana, apesar da força e destreza que lhe faltavam, ou teve que se contentar com as sombras alheias? Sof...