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O átomo otimista
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Para o Paulo Roberto Vaz de Melo Apesar de ser quase impossível mudar nossa posição de nascimento no círculo do poder social (aquele dos refugiados canadenses, que apresentei no meu último post ), o mito de que posso escolher meu destino é fundamental para sobrevivermos na sociedade atual. Fui educado para me sentir responsável pelos meus atos e não consigo aceitar essa ideia que nada posso fazer para alterar o rumo dos acontecimentos, no mínimo da minha vida pessoal. É possível ficar imóvel à espera dos acontecimentos? De nada adianta querer melhorar minhas relações afetivas e profissionais? Seria inútil tentar fazer algo pela utopia da democracia? Apesar das evidências do passado, que demonstram que os principais acontecimentos em minha vida foram profundamente influenciados pelo acaso e por fatores que não dependeram de minhas escolhas conscientes, vivo num sistema social fundado na possibilidade de escolhas, o tal livre arbítrio . As crenças religiosas, o sistema juríd
Temos escolha?
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Meu último post gerou dezenas de comentários com ideias semelhantes, o que aliviou minha solidão nestes tempos tensos em que sobrevivemos. Em especial, agradeço o texto do amigo e colega Carlos Starling. Do outro lado do silêncio reflexivo de outras pessoas, duas dúvidas principais surgiram: qual meu conceito de democracia e qual o grau de escolha do terrorista bolsonarista que se matou no atentado em Brasília. Democracia, para mim, é a igualdade de direitos e deveres. Democracia como uma finalidade em si, e não apenas um meio de se chegar ao poder. Utopia, sim, mas é por elas que nos movemos. A partir desta definição, básica, fundamental, ponto de partida, podemos conversar sobre quais são os direitos e os deveres e como podemos chegar lá. E haverá diversos caminhos, todos legítimos, embora alguns possam se revelar mais corretos, mais justos ou apenas mais possíveis. Antes de falar sobre o grau de responsabilidade do terrorista, reafirmo que espero que todas as pessoas que a
Porque apaguei a charge de ontem
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Amedrontado pelo atentado a bomba cometido por um bolsonarista em Brasília, - sendo o medo e a bomba dois resquícios da ditadura militar - criei e postei neste blog uma charge criticando o terrorista e não suas ideias. Por mais que eu condene a ideologia que conduziu essa pessoa transtornada ao seu ato extremo, tentei compreender as possíveis causas para seu gesto insano. Qual o grau de sanidade mental que ele possuía? Quantas fake news foram suficientes para ativar sua paranoia alimentada na baixa instrução e na pobreza econômica, social e cultural? Qual algoritmo das redes sociais capturou sua atenção obsessiva transportando-o para dentro de uma das bolhas dos radicais como ele, estacionados na frente dos quartéis e invadindo a Praça dos Poderes em janeiro de 2023? Quantos discursos populistas ele precisou ouvir para minar totalmente sua confiança na justiça e na democracia? Quanto ódio foi instilado nele por falsos salvadores da pátria para que seu autocontrole tenha
Nexus: uma boa análise não marxista
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Para Ana e Juliano, que me enviaram do Canadá um exemplar autografado pelo próprio Harari Nexus, no topo da lista dos livros mais vendidos, é resultado do imenso conhecimento histórico e da escrita envolvente do israelense Yuval Noah Harari , que revê diversos regimes políticos da humanidade sob a ótica do fluxo de informações : quanto maior o controle da informação, menos democrática será a sociedade. Ele desmonta o mito de que quanto mais informação, mais nos aproximamos da verdade e analisa profundamente os avanços das redes sociais e da inteligência artificial no comportamento de bilhões de pessoas. Harari demonstra que o algoritmo criado pelas redes sociais para dar mais lucro às plataformas tem sido uma das causas da polarização política digital, que pode transbordar para efeitos na vida real, alterando eleições (ele cita especificamente o Brasil na eleição de Bolsonaro) e estimulando genocídios como em Myanmar (ver aqui meu comentário Cuidado com o que você laica )
Dois irmãos sob OSOL
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É um duplo prazer estrear minhas artes no OSOL no mesmo dia em que o primeiro volume publicado da trilogia do meu irmão, o jornalista Ernesto Rodrigues, sobre a Globo, é matéria de capa ( ver aqui edição completa e a análise do Alberto Villas). Acompanhei nos últimos cinco anos o trabalho cuidadoso, minucioso e obcecado pelos fatos que o Ernesto realizou para desvelar uma parte da história do Brasil ao nos contar a trajetória, nos últimos 60 anos, da maior empresa de comunicação brasileira desde a invasão portuguesa nas caravelas de Cabral. Não bastasse a imensidade (ia dizendo insanidade) de dados que Ernesto reuniu em planilhas gigantescas, seu estilo literário nos intriga e mantém agarrados à leitura, totalmente hipnotizados pelo entrelaçar das histórias pessoais dos entrevistados nas tramas do jornalismo, das telenovelas, dos assuntos comerciais e da macropolítica nacional. Como disse o Villas, é uma obra definitiva para a compreensão da história do Brasil. A trilogia d
Nós e os Sistemas
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Muitas pessoas da minha geração, na juventude, queríamos “ derrubar o sistema ”. Hoje, precisamos defender algumas instituições que criticávamos naquela época: a Democracia (mesmo que apenas a liberal), a Justiça (ainda que tardia) e o Congresso (apesar de, há décadas, dominado pelo Centrão). Há até ministros “de esquerda” obrigados a defender o capitalismo adotando a chamada austeridade fiscal, imposta pelo liberalismo, pelos bancos mundiais e fundos monetários internacionais, idealizada justamente para quebrar os trabalhadores e seus sindicatos que ameaçavam derrubar o sistema capitalista com revoluções socialistas no início do século passado. Hoje, acabamos virando pessoas defensoras daquele sistema injusto que combatíamos porque, do outro lado, a direita está destruindo rapidamente as instituições que, mesmo imperfeitas, sustentam a civilização atual e que, se houvesse vontade política, poderiam nos salvar da catástrofe climática, como as democracias, a imprensa, as universid
It Musk Be
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George Monbiot, escritor e jornalista do The Guardian, publicou ontem o seguinte: “Trump prometeu travar uma guerra no planeta Terra, rasgando os compromissos climáticos dos EUA e revertendo para a extração e queima irrestrita de combustíveis fósseis. Se ele seguir a sua agenda do Projeto 2025 , ele deixará a estrutura climática da ONU completamente, tornando seu ataque aos sistemas da Terra muito mais difícil de reverter. Sua base evangélica, ansiosa para avançar o apocalipse bíblico , o amará por isso. A maioria simplesmente nega o colapso climático. Outros percebem eventos como inundações e incêndios não como avisos, mas como presságios alegres do fim dos tempos : uma grande limpeza, na qual os justos serão elevados para sentar-se à direita de Deus, enquanto seus inimigos serão lançados no poço de fogo. O que veremos sob uma nova presidência de Trump é um alinhamento perfeito dos interesses das empresas de combustíveis fósseis e um eleitorado mirando no Armagedom (e