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Mostrando postagens de outubro, 2017

A Luta da Utopia contra a Realidade às Portas do Inferno

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Cordel para Akira Kurosawa Peço licença para contar, meu povo da Jesuânia, História fabulosa que se sucedeu nos altos do Tijuco Preto, Desconhecida até mesmo pelos velhos da minha infância, Memória para ser celebrada em cantiga de roda e soneto. Muito antes da televisão e dos computadores, Viver é desde sempre luta renhida entre forças poderosas: De um lado a deusa Esperança e seus valores, Do outro a Morte e suas mazelas horrorosas. Mas então depois da Segunda Grande Guerra terminada Deu-se que uma das filhas da Esperança, a Utopia, Se viu pelo exército da Realidade acuada À beira de um penhasco fatal, em grande agonia. Utopia resistia abraçada a seu irmão cego, o Amor, Enquanto a Realidade galgava célere as escarpas, E sobre os irmãos lançou seus cães do horror: A Fome, o Genocídio, o Racismo e a cadela Fábrica de Armas. Desista! - Gritou entre gargalhadas a pétrea Realidade, Não sabes que sua amiga, a Juventude, não mais existe Desgastada pelo tempo no desfiladeiro

Gregório Duvivier apoia SORTEIO! Viva Greg!

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Ontem, atrasadamente, vi o GREG NEWS de 2 de junho de 2017, no qual Gregório Duvivier lança a campanha pelo Sorteio no lugar de eleições. Ver seu excelente vídeo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=LQTFkj0Jue8 Por coincidência, dois dias depois, sem ter visto seu programa, lancei algo parecido neste blog, a campanha SORTEIO JÁ!. http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/blog-post.html Assim, como continuei a campanha nos dias seguintes. Ver abaixo as defesas que faço do sorteio. http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/milhoes-de-brasileiros-acreditam-no.html http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/milhoes-de-brasileiros-acreditam-no.html http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/atletas-brasileiros-confiam-no-sorteio.html http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/grandes-cientistas-brasileiros-ja.html http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/supremo-ja-aprova-o-sorteio.html http://lorcartunista.blogspot.com.br/2017/06/criticas-ao-projeto-do-sorteio-ja.

Duas perguntas

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Parabéns Pedro Paulo Cava

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Governo da elite que acabar com a lei contra o trabalho escravo

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Cavaleiro dos Entreveros Inócuos

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A permanência das coisas

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Entrei no apartamento que estivera fechado desde que ela foi embora. Uma camada fina de poeira cobria todas as coisas que se encontravam na mesma posição em que estavam na noite em que discutimos pela última vez. O único ruído vinha da cozinha, onde a torneira da pia continuava a vazar em gotas regulares, agora de água enferrujada, que deixava um halo avermelhado ao redor do ralo em camadas sucessivas de evaporação. No quarto de casal, permanecia no chão entreaberta a mala velha, que na última hora ela desistira de usar porque o fecho estava com defeito. Sobre a bancada do banheiro havia um tubo de dentifrício retorcido pelo esmagamento impaciente que ela costumava fazer para espremer a pasta sobre a escova. Duas toalhas que usáramos na noite anterior, a minha branca e a dela violeta, pareciam ressecadas nos cabides de metal ao lado do box do chuveiro. No escritório improvisado, alguns livros que ela decidira não levar, equilibravam-se em duas pilhas sobre a mesa onde ela costumava e

Distopia

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João amava Maria, que amava João, que amava José, que amava seu vizinho, que amava seu cão, que amava as crianças que passavam para a escola, que amavam a professora, que era divertida e criativa, que amava seu trabalho, que era gratificante, que fora revalorizado pela nova constituição, que fora criada pelos novos deputados, que foram eleitos pelo João, pela Maria, pelo José, pelo vizinho e pela professora. Jack era sócio do Herbert, que era dono da construtora, que desmatara zilhões de hectares na fazenda do Fred, que a vendera para a fábrica de pesticidas que pertencia ao conglomerado de bancos, que era controlado por acionistas estrangeiros, que amavam seu dinheiro, que não amava ninguém. João, e Maria foram demitidos pelo Jack, que votou em Trump, que ainda não tinha entrado na história e acabou com ela. Pena, né, Drummond?

Versos e reversos

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Diante do velho prédio da Escola de Engenharia, agora fechado e ocupado por famílias sem teto acampadas sob a marquise de sua escadaria, o rádio do carro toca “para não dizer que não falei de flores”, a canção de Vandré, enquanto continua o engarrafamento por causa do motoqueiro derrubado no asfalto. Nas escolas, nas ruas, campos, construções Caminhando e cantando e seguindo a canção Subi por aqueles degraus, há quase meio século, sem saber que as pessoas na reunião para a qual havia sido chamado pretendiam que eu saísse dali como o candidato de consenso das organizações de esquerda para a presidência do Diretório Central dos Estudantes de Minas Gerais. Há 50 anos, passei pelo porteiro, figura quase decorativa que recebia correspondências e dava informações, e segui para o terceiro andar sem dificuldades, pois não havia cancelas, câmeras ou vigilantes nas unidades da universidade naquela época. Depois de seguir os procedimentos para confirmar que não estava sendo seguido, entrei nu

Normal

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O irmão disse que o atirador era um cara normal. Ele tinha 42 armas de fogo em casa, ficara rico com negociatas de imóveis, vivia passeando em cruzeiros para jogar grandes quantidades de dinheiro nos cassinos a bordo, não tinha qualquer ligação política (teria votado na Clinton ou no Trump?), mas era um cara normal. Como foi normal a entrada dele num hotel de luxo com diversas armas de longo alcance. Também foi normal a reação do Trump (outro normal) atribuindo a tragédia ao Mal, essa entidade abstrata que não pode ser submetida a nenhuma política de controle de armas porque seria uma restrição à sua liberdade de sair por aí matando os outros. E foi normal o correspondente da Globo News dizer que nada, absolutamente nada vai mudar nos Estados Unidos depois de mais este massacre de dezenas de pessoas por indivíduos psicopatas portando armas de fogo automáticas. De carona, foi normal o Estado Islâmico assumir a autoria das mortes, pois o atirador teria se convertido pela internet, porq

O muro dialético

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Horas depois de embarcar no ônibus e deixar para trás as serras do Sul de Minas, Gorgosinho estava de pé diante da jovem que o entrevistaria para o possível emprego de capataz numa fazenda. Esfregou a mão úmida nas calças, mas a moça não estendeu a sua, indicando que ele se sentasse, enquanto ela perpassava os olhos nos papéis contidos numa pasta e então perguntou: Fale-me um pouco sobre suas pretensões. Gorgosinho fora orientado pelo primo que morava em Belo Horizonte a tomar muito cuidado com as palavras, porque para conseguir aquele emprego ele precisaria mostrar conhecimento sobre as tarefas a serem executadas na fazenda, mas tudo dependeria da maneira como ele diria as coisas, devendo evitar gírias ou palavras vulgares e controlar ao máximo seu sotaque caipira.  Chegaram a ensaiar o modo como Gorgosinho deveria se expressar, evitando palavras como uai, ópcevê, prestenção, pódexá, seicumé, vortemeia, xápralá e outras tantas que brotavam espontaneamente da prosa alegre e solta