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Mostrando postagens de outubro, 2016

Quatrocentas e cinquenta mil pessoas!

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Em 2015 realizei alguns desenhos (entre eles o da foto ao lado que pode ser vista em vários ônibus circulando em Belo Horizonte) para uma campanha da BHTRANS, para a prevenção de acidentes com motociclistas.  Desde então, minha atenção aumentou em relação aos motoqueiros e suas condições de trabalho. Compreendi um pouco melhor o terrível sistema de exploração econômica a que estão submetidos por empresas assassinas que cobram produtividade em condições desumanas.  Pude aprender um pouco mais sobre como a insegurança intrínseca às motocicletas é agravada pela legislação permissiva para a sua fabricação e pela falta de fiscalização governamental, além do despreparo dos próprios motoqueiros e do preconceito cultural dos demais motoristas. Na semana passada, saiu mais um resultado divulgado pelo DENATRAN sobre a tragédia causada por esta combinação cruel de fatores sociais e econômicos: cerca de 450.000 acidentes com motociclista num único ano.  São vítimas geralmente jovens (

Seleção digital

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Posicionei o indicador sobre o local iluminado pela luz azul intermitente e aguardei a liberação do chip de meu carro para sair do estacionamento, segurando a sacola de compras que realizara um pouco antes, quando paguei as despesas por meio do mesmo sistema de identificação digital, uma vez que não mais havia cartões de crédito ou cédulas de dinheiro em circulação, e por isso me surpreendi quando o equipamento emitiu um sinal agudo e informou na tela que minha saída estava autorizada, mas havia uma pendência com meus dados e que eu deveria acessar meu cadastro geral para solucioná-la e que esta mensagem estava sendo copiada para meu celular, e que se não fossem resolvidos os conflitos de informações em quatro horas minha identidade estaria bloqueada em todos os sistemas eletrônicos. Isto significava que eu perderia o acesso a todos meus recursos financeiros, registros profissionais, autorizações para mobilização urbana e registros médicos de toda a minha vida. Um princípio de pânico

Terceirização

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Estado do capital

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Depois da PEC do Temer

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Observação: Esta charge é de 1997, governo FHC

Onde está o homem?

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Assim que entrei no parque, avistei de longe o caminhador, como o tenho descrito mentalmente nestes mais de vinte anos em que passo por ele nas imediações do bairro. Ele vinha em sentido contrário ao meu, ele é magro, de estatura mediana, usa barba rala e grisalha, anda de sandálias havaianas em passos firmes e rápidos e temos trocado apenas bons dias e boas tardes com acenos de cabeça quando cruzamos um pelo outro, sem que jamais tivéssemos conversado. Em geral, caminho ou corro aleatoriamente pela região umas três vezes por semana, então calculei que para encontrá-lo tão frequentemente seria preciso que ele vagasse pelas ruas mais amiúde do que eu. Cheguei a pensar que ele pudesse ser um daqueles andadores compulsivos que passam suas vidas em trajetos intermináveis cujo sentido se encontra apenas nos seus mapas imaginários. Assim que nos aproximamos, ouvi saracuras cantando suas marteladas sonoras típicas em meio à vegetação do parque e parei procurando vê-las. O caminhador se apro

Cartinha de Amoro

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Modelo de privatização - charge de 1995

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Humor na praça!

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A avó do senador

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A multidão ocupou toda a ladeira que vai dar no cemitério de minha cidade, espremida entre as casas pobres, botecos e lojinhas de porta única, com seus moradores acostumados à janela e à passagem de cortejos fúnebres quase todos os dias, mas nenhum como aquele, da avó do senador, que antes de esfriar no caixão já deram seu nome para escola, hospital e ponte. Todo poderoso na região, veio gente de Brasília, prefeitos e políticos das redondezas, todos fazendo o máximo para serem vistos pelo senador e ao lado dele, que recebia ruidosos e intermináveis tapas nas costas e outros sinais de relações antigas em claras insinuações de grandes façanhas cumplicitárias em passagens vividas, que comprovavam a amizade profunda que todos correligionários tentavam demonstrar, disputando o espaço ao redor do homem órfão e escanteando adversários derrotados que cumpriam o doloroso dever de prestar também suas homenagens, rivalidades a parte, num momento de tanta dor pela morte da velhinha aos oitenta

A mãe do deputado

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A multidão ocupou toda a ladeira que vai dar no cemitério de minha cidade, espremida entre as casas pobres, botecos e lojinhas de porta única com seus moradores acostumados à janela e à passagem de cortejos fúnebres quase todos os dias, mas nenhum como aquele, da mãe do deputado. Homem poderoso na região, veio gente de Brasília, prefeitos e políticos das redondezas, todos fazendo o máximo para serem vistos pelo deputado e ao lado dele, que recebia ruidosos e intermináveis tapas nas costas e outros sinais de relações antigas em claras insinuações de grandes façanhas cumplicitárias em passagens vividas, que comprovavam a amizade profunda que todos correligionários tentavam demonstrar, disputando o espaço ao redor do homem órfão e escanteando adversários derrotados que cumpriam o doloroso dever de prestar também suas homenagens, rivalidades a parte, num momento de tanta dor pela morte da velhinha aos oitenta anos macerados por um câncer arrastado culminado em morte aliviante e esperada.

OTHER BRECHAS

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